Pequeno Demônio (Netflix) | Crítica

Lançamento original da Netflix, Pequeno demônio se enquadra no subgênero popularmente chamado de “Terrir”, mistura de terror com comédia. Eli Craig, diretor do longa, já demonstrou dominar esse subgênero pelo assertivo e empolgante Tucker & Dale contra o mal, de 2010, que conseguiu equilibrar muito bem cenas de tensão e violência explícita relativamente pesadas, com comédia, constantes reviravoltas e  quebras de expectativa. No entanto, em O Pequeno Demônio, os elementos tensão e violência são amenizados, e apesar da história envolver satanismo e seitas malignas, não há cenas muito pesadas que poderiam desagradar o grande público, tornando-o muito mais receptível a diferentes audiências.

A premissa do filme é simples, um homem (Adam Scott) recém-casado com uma linda mulher (Evangeline Lilly) não consegue se relacionar bem com seu enteado Lucas (Owen Atlas), até que após alguns estranhos incidentes envolvendo o menino, ele começa a desconfiar que a criança é o próprio anticristo. A história foca nos problemas conjugais enfrentados pelo padrasto tentando agradar sua nova mulher, enquanto desconfia cada vez mais que seu enteado é o mal encarnado. Em geral a trama caminha como uma versão cômica de A Profecia de 1973, e faz também referências a outros clássicos como Poltergeist e O Iluminado de forma bem direta, mas não tão bem aplicada, parecendo forçadas em alguns momentos. Ainda assim, isso quase sempre acaba agradando os fãs de terror, que costumam se sentir contemplados quando clássicos são relembrados em produções atuais. Além disso, Eli Craig brinca a todo momento com os clichês do horror sobrenatural, mais uma vez demonstrando seu domínio sobre o subgênero. As atuações são razoáveis, e o ator mirim Owen Atlas não convence muito nas cenas mais dramáticas, encarnando um anticristo que mantém sempre a mesma expressão mal encarada, enquanto praticamente todos os momentos cômicos ficam por conta do protagonista interpretado pelo Adam Scott.

Uma comédia casual com elementos de terror, o longa pode até ser considerado “família”. Diverte moderadamente, sem cenas muito pesadas ou apelativas e pode agradar públicos de diferentes idades, não somente os fãs de horror. No entanto, a trama não é tão empolgante e caminha para um desfecho relativamente previsível deixando algumas referências e clichês de horror soltos pelo caminho. De qualquer forma é louvável a iniciativa da Netflix de trazer produções desse subgênero para seu catálogo, e Pequeno demônio ainda assim se apresenta como uma boa pedida para se assistir em uma tarde descompromissada.