Marlina, Assassina em Quatro Atos | Crítica

“Marlina, Assassina em Quatro Atos” foi o grande filme da 41ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo no dia 23 de outubro

Dirigido por Mouly Suria, Marlina, Assassina Em Quatro Atos conta a história da jovem viúva Marlina que vive em uma ilha na Indonésia. Repentinamente em um determinado dia, um homem bate em sua porta informando-a que será seu “hóspede” e que trará mais seis amigos para roubar todos seus bens e por fim dormir com ela. Os sete. Um. De. Cada. Vez.

Ele ainda diz que ela será “a mais sortuda entre as mulheres”. Nessa parte, logo no início do filme chama a atenção a magnífica atuação de Marsha Timothy, intérprete de Marlina. Ao ouvir o “hóspede maldito” lhe contar que ela será roubada e estuprada, a câmera paira num plano médio maravilhoso focando apenas Marlina sozinha na cozinha e a expressão de Marsha é simplesmente impecável! Sem dizer uma palavra ela apenas olha para a câmera, completamente angustiada. Não, ela não precisa nem chorar porque seu olhar consegue transmitir toda a dor que a personagem está passando naquele momento.

Tomadas como essa se repetem por todo o filme. Planos próximos exaltando a interpretação corporal da atriz. E essa escolha é um dos maiores acertos da diretora Mouly Suria. A maneira como ela explora sua protagonista com planos e cortes precisos faz o espectador envolver-se ainda mais com o drama vivido por ela.

Porém Mouly ainda surpreende mais ao abusar de grandes planos gerais que nos exibe o contraste entre a selvageria do ambiente com a tecnologia. Toda a simplicidade do lugar e dos figurinos poderia facilmente nos confundir com épocas anteriores mas o uso do celular é que nos diz “estamos no século XXI”.

A fotografia de Yunus Pasolang é impressionante! A paleta quente predominantemente amarelada dá o ar de thriller ao filme, o que só enriquece a construção do drama de Marlina. 

“Marlina, assassina em quatro atos” certamente foi o melhor filme do dia 23/10 da 41ª Mostra Internacional de Cinema São Paulo!