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Crítica | A Maldição da Casa Winchester apela para sustos

Com boas atuações e uma história curiosa, A Maldição da Casa Winchester está acima da média dos filmes de terror genéricos, mas ainda assim não impressiona

Com a famosa premissa de ser uma história baseada em fatos reais, o terror “biográfico” A Maldição da Casa Winchester chega aos cinemas dia 1 de março, trazendo a vencedora de Oscar Helen Mirren como uma das protagonistas. O longa é dirigido pelos irmãos Spierig, cujo último lançamento do gênero foi o infeliz Jogos Mortais: Jigsaw. No entanto, desta vez os diretores tem mais acertos e com ajuda das competentes atuações de Helen Mirren e Jason Clark, entregam um filme razoável, com um bom ritmo narrativo e um cuidado maior na construção dos personagens.

O filme se passa no início do século XX e gira em torno da mansão onde morou Sarah Winchester (Helen Mirren) após o falecimento de seu marido William Wirt Winchester, fundador da marca de armas intitulada com seu sobrenome. Sarah acredita que a casa está assombrada por espíritos dos mortos pelos rifles Winchester e então desencadeia uma incessante construção, demolição e reconstrução de quartos para abrigar esses espíritos aflitos. Toda essa premissa se baseia nos fatos reais, incluindo também os padrões peculiares encontrados na casa como a repetição do número 13 em quantidade de velas nos candelabros, de ganchos nas estantes, pregos em madeiras, dentre outras coisas que são retratadas no longa.

A trama segue o Dr. Eric Price (Jason Clarke) que é contratado por um sócio da companhia Winchester para averiguar o estado psicológico de Sarah, atestando assim se ela estaria apta a manter parte do comando da empresa. Ao chegar no local Eric é recebido pela sobrinha de Sarah, Marion Marriot (Sarah Snook) e seu filho Henry (Finn Scicluna-O’Prey), e o médico que antes era cético sobre qualquer assunto sobrenatural, começa a presenciar fenômenos obscuros e questionar sua noção de realidade.

O início do longa indica uma abordagem sugestiva para provocar medo no espectador, com uma cena de “possessão” que valoriza o silêncio (sem sustos) para intensificar a tensão. No entanto, passados alguns minutos já surgem os primeiros (de muitos) jumpscares. Ainda assim alguns deles são capazes de surpreender positivamente, pois brincam com a expectativa do público sobre o momento do susto, como numa cena envolvendo um espelho, muito comum em filmes do gênero, mas que dessa vez tem o susto atrasado propositalmente e ainda é capaz de desviar a atenção até mesmo do espectador mais experiente.

Ainda sobre os jumpsacares, apesar do exagero em quantidade e da previsibilidade da maioria deles, alguns ainda conseguem ser eficazes devido à forma peculiar com que foram aplicados. Confesso que fui surpreendido por um deles, onde se utilizou o próprio som de um elemento de cena (uma arma) num contexto inusitado como gatilho para o “susto”, ao invés de um efeito sonoro genérico e repentino como costuma-se utilizar por ai. As atuações de Helen Mirren e Jason Clarke estão muito boas e os roteiristas se preocuparam em aprofundar seus personagens, dando uma certa consistência a eles. Helen Mirren encarna bem uma viúva soturna e cheia de segredos, enquanto Jason Clarke é um médico que teve trágicos problemas amorosos no passado e vive uma vida de excessos, mas mesmo assim seu personagem consegue ser carismático e ganhar afeição do público.

A Maldição da Casa Winchester não é um filme marcante e não possui uma trama surpreendente, mas pode ser um bom programa para quem gosta de levar sustos acompanhando personagens relativamente bem estruturados e carismáticos, o que faz com que o espectador se importe minimamente com a vida deles. O excesso de jumpscares e o desenvolvimento previsível da trama contribuem para o longa ser mais um lançamento genérico de terror, mas a peculiar história e as boas atuações, associadas a um bom ritmo narrativo o deixam um pouco acima da média dentro desta categoria.

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