Sicário: Dia do Soldado mantém o clima cínico do filme original

Quando o filme Sicario, com a direção de Dennis Villeneuve, foi lançado em 2015, fez um grande barulho com a crítica, sendo considerado uma obra-prima por muitos. Três anos depois, a continuação Sicário: Dia do Soldado traz de volta os coadjuvantes Alejandro (Benicio Del Toro) e Matt (Josh Brolin) como protagonistas em mais um filme policial misturado com western moderno.

O enredo de Sicário: Dia do Soldado se inicia quando terroristas fazem atentados bastante violentos dentro dos Estados Unidos e é descoberto que essas pessoas foram ajudadas pelos cartéis mexicanos. Então os agentes Matt Graver (Josh Brolin) e Alejandro (Benicio Del Toro) são chamados novamente para acabar com um dos maiores desses cartéis de uma vez por todas.

Se começarmos a analisar Dia do Soldado comparando com o anterior claramente teremos um filme inferior, mas isso não quer dizer que ele seja ruim. O longa se inicia de uma forma meio esquisita, mostrando cortes em várias localidades e costurando uma história bem clichê. Os grandes Estados Unidos estão sofrendo um ataque dos terroristas do ISIS e cartéis mexicanos, vamos chamar então os heróis do exército para nos salvar… Inicialmente me pareceu que o filme tinha perdido o cinismo e pessimismo do primeiro, mas felizmente isso é revertido futuramente no longa.

Apesar de não ser grandioso como seu predecessor, Dia do Soldado consegue entregar ótimas cenas de suspense e ação, mérito do diretor Stefano Sollima (Suburra), que consegue pegar um roteiro beirando o simplismo e transformar em uma história interessante de ser acompanhada. Os personagens não são muito bem desenvolvidos, mas é divertido acompanhar suas ações durante o longa.

Algo bem interessante do filme é como ele trabalha com a câmera, em certos momentos existem planos longos em que a câmera percorre os cenários de forma livre, mas nos mostrando somente o necessário e escondendo o que é preciso para nos dar um suspense e sensação de desconforto. Em outros momentos a escuridão do deserto da fronteira é muito bem usado para dar uma sensação de solidão e medo do desconhecido, mérito para a fotografia do filme que consegue passar mensagens até em uma escuridão quase total.

Apesar da boa direção de Sollima, existem alguns problemas de roteiro e decisões da produtora que influenciam no resultado final da obra. Existe um núcleo específico que parece sempre deslocado da trama principal e no final você entende que ele serve para cavar uma continuação, dando a entender que estão querendo transformar o filme em uma franquia. Eu gostaria que o filme fosse uma história mais fechada, mas fazer o que né…

Sicário: Dia do Soldado não é uma obra-prima como o filme original mas consegue divertir como um bom longa policial. Apesar de seus clichês, ele consegue entregar cenas tensas e o cinismo apresentado por Denis Villeneuve no original. Não há heróis ou vilões quando o custo é alto, isso vai do que cada um é capaz de fazer e qual linha decide cruzar.