É muito difícil não se identificar com filmes que falam sobre relações familiares, principalmente porque a maioria de nós tem uma família e passou por essas interações. É se apoiando nisso que o filme Fala Sério, Mãe! consegue trazer uma linda e divertida história de se acompanhar.
O filme, inspirado no romance de mesmo nome de Thalita Rebouças, é dividido em duas partes. Na primeira acompanhamos Ângela Christina (Ingrid Guimarães), mãe de 3 filhos contando suas experiências. Na segunda parte vemos Maria das Lourdes (Larissa Manoela), sua filha mais velha, e sua visão da vida da infância até a adolescência. No final da trama o protagonismo se mistura entre as duas para passar sua mensagem final.
Sem dúvida, o grande ponto forte do filme é sua primeira metade encabeçada pela ótima Ingrid Guimarães. A atriz consegue encorporar a mãe coruja de uma forma impressionante e crível, trazendo momentos muito engraçados e também dramáticos. Apesar do drama do filme ser bem brega e clichê, ele funciona bastante, principalmente no fim da trama. Mas é na comédia que ele brilha com esquetes onde o diretor deixa a Ingrid atuar e jogar vários clichês e situações engraçadas da maternidade.
O segmento da Larissa Manoela é menos interessante para mim pois já passei desses dramas adolescentes faz muito tempo. Mas essa parte é importante para construir a narrativa e o principal tema do filme: o papel de mãe e filha muitas vezes muda durante a vida de ambas. A atriz mirim é claramente inferior à sua mãe em atuação mas consegue entregar o básico sem atrapalhar na narrativa. Apesar da diferença de nível de atuação, a química das duas está impecável e muito crível, deu para perceber que ambas se divertiram muito durante as filmagens.
Onde o filme acerta na transposição dos dramas familiares e na comédia ele peca na técnica. Durante toda a película você se imagina assistindo uma série da Globo durante o domingo. As câmeras são preguiçosas, a fotografia é esquisita e a montagem desinteressante. Até mesmo a passagem de tempo sofre com isso, em um certo momento a personagem da Larissa Manoela passa da adolescência para início da vida adulta mas é muito difícil perceber uma mudança na sua aparência.
Minha experiência com Fala Sério, Mãe! foi bem única, pois assisti com minha própria mãe, algo que raramente faço. Foi muito emocionante e divertido reconhecer minha mãe e nossas interações nas cenas do filme. Por mais que eu fosse bem diferente da protagonista adolescente, minha mãe foi perfeitamente retratada na trama e algumas situações vistas no longa foram iguais a algumas que passamos. Apesar de ser um filme tecnicamente pobre, eu recomendo fortemente você assistir o longa no cinema com sua mãe, são boas risadas bem garantidas e até um pouco de emoção, da para perceber que foi um filme feito com carinho.