Burn The Witch Burn The Witch

Burn The Witch | Crítica

Anunciado como uma história que se passa no mesmo mundo que Bleach, Burn The Witch já chega com bastante carga em cima de seus ombros. Em 2018, Tite Kubo publicou uma one-shot e logo uma série de capítulos estava chegando – assim, uma animação não tardou a ser anunciada.

Com a produção do Studio Colorido (Olhos de Gato), o anime estreia no Brasil pela Crunchyroll não como um filme, como saiu no Japão, mas em uma serialização dividida em três episódios ou partes, com queira chamar. Na trama, a estudante Noel e a idol Ninny são bruxas que fazem parte de uma organização protetora da sociedade londrina dos “temíveis” dragões. Logo de cara, a história nos apresenta as regras que fazem parte deste lado do mundo, mostrando a Londres Reversa, uma realidade paralela da cidade inglesa em que somente os detentores da magia conseguem ir, e local onde encontramos todos os tipos de dragões e criaturas mágicas.

A direção de Tatsurou Kawano – que trabalhou tanto na animação como direção de Boruto e Psycho-Pass, além de conduzir todo o processo em Kanebari of the Iron Fortress -, junto da assistência de Yuji Shimizu (diretor-assistente em Olhos de Gato), trouxe toda a vida em cores e movimentação que Burn The Witch precisava. Gerando com fluidez na narrativa e uma condução estratégica no que abordar e adaptar da obra original.

Os personagens, principalmente Noel, Ninny, Balgo e Bruno, são interessantes. As duas bruxas são mulheres com ambições divergentes, convictas e fortes no que se propõem. É sempre bom ter esse tipo de personagem, mesmo que de uma forma clichê, presente nessas obras mais mainstream do universo dos animes e mangás. Mas, para além disso, é necessário trabalhar outros personagens. Bruno, por exemplo, se mostra com mais de uma camada, principalmente, quando vemos um pouquinho mais de sua personalidade ao final da animação.

Uma das coisas que senti falta na abordagem do Studio Colorido foi a decisão de não mostrar a diversidade dos dragões, falando sobre suas características e como os magos e bruxas se utilizam deles naquela realidade. A variação, pelo o que é mostrada no mangá, é grande, indo de dragões voltados para a limpeza aos de transporte público. Mas a falta disso não prejudica em nada a animação. Isso acontece de forma rápida no mangá, e acaba engrandecendo, ainda mais, àquele universo.

Com toda uma ambientação rica em detalhes e tramas que podem ser trabalhadas no futuro, Burn The Witch apresenta magias que se parecem muito com as já vistas em Bleach, trazendo o traço característico de Kubo – além da referência clara que a Wing Bind é a Soul Society do ocidente, só que com características próprias.

O potencial que Burn The Witch possui, principalmente, com algumas pontas soltos no decorrer da(o) animação/mangá, como o aproveitamento de lendas e contos folclóricos, e a exploração do passado dos personagens e da organização, eleva e cativa a curiosidade deixada pelo final.

Apesar de ser uma animação curta, Kubo já confirmou que o mangá voltará ainda em 2020, trazendo a serialização por “temporadas”. Assim, é possível que no futuro outra animação – como uma série em anime, seja lançada com base na obra.