Desaparecida (Missing, 2023) - Crítica do filme disponível na Netflix Desaparecida (Missing, 2023) - Crítica do filme disponível na Netflix

Desaparecida (2023) | Crítica do Filme | Netflix

Disponível na Netflix, Desaparecida (Missing, 2023) dá continuidade à proposta iniciada por Buscando… (Searching, 2018), ampliando o universo do suspense digital criado por Aneesh Chaganty e Sev Ohanian. Dirigido por Nicholas D. Johnson e Will Merrick, o longa mantém a estrutura narrativa inteiramente mediada por telas, mas atualiza a linguagem para refletir a forma como as novas gerações se relacionam com a tecnologia e com o mundo ao redor. Confira a crítica do filme:

Desaparecida (2023)

Uma história conduzida pelas telas

A trama acompanha June (Storm Reid), uma adolescente que vive com a mãe, Grace (Nia Long), após a morte do pai. Quando Grace viaja de férias para a Colômbia com o novo namorado, Kevin (Ken Leung), a jovem vê a oportunidade de aproveitar a liberdade. Mas tudo muda quando os dois não retornam no dia previsto, e ela descobre que ambos desapareceram.

Sem o apoio efetivo das autoridades, June decide investigar por conta própria. A partir do quarto de casa, ela transforma o computador em uma central de buscas, vasculhando redes sociais, e-mails e câmeras de segurança. Com a ajuda de Javier (Joaquim de Almeida), um faz-tudo colombiano contratado pela internet, ela começa a desvendar uma teia de segredos que envolve identidades falsas, golpes e revelações familiares inesperadas.

Continuação espiritual de Buscando…

Embora Desaparecida não seja uma sequência direta, o filme funciona como uma expansão temática do universo iniciado por Buscando…. Se o longa de 2018 mostrava um pai em busca da filha, este inverte os papéis, colocando uma filha no centro da investigação sobre o paradeiro da mãe. A escolha reflete o choque geracional e a diferença de domínio sobre as ferramentas digitais: June é uma nativa da internet, acostumada a navegar entre múltiplas abas e a usar recursos de tecnologia com agilidade quase instintiva.

Essa abordagem traz dinamismo e atualiza o formato de “filme de tela”, tornando-o mais próximo da realidade contemporânea. O público acompanha cada clique, cada busca e cada login, o que cria um tipo de tensão que depende inteiramente da observação e do ritmo da protagonista.

Um retrato da era digital

Além do suspense, Desaparecida discute o papel da tecnologia na forma como lidamos com a privacidade e a exposição pública. Conforme o caso ganha destaque nas redes, a investigação de June se torna objeto de especulação e teorias conspiratórias em vídeos e podcasts, revelando o quanto a curiosidade coletiva pode transformar tragédias pessoais em entretenimento.

Ao mesmo tempo, o filme também reconhece o potencial positivo da tecnologia: é graças ao domínio digital de June que a história avança. O enredo equilibra crítica e celebração, mostrando como o mesmo ambiente virtual que pode distorcer a verdade também pode ser ferramenta para alcançá-la.

Desaparecida (Missing, 2023) - Crítica do filme disponível na Netflix

Desfecho e reencontro

Na reta final, June descobre que o sequestro da mãe está ligado ao passado familiar: o homem que a mantém em cativeiro é, na verdade, seu pai, antes dado como morto. A revelação culmina em um confronto intenso, que coloca mãe e filha frente a frente não apenas com o perigo, mas também com suas próprias feridas emocionais.

Ao sobreviverem, ambas passam a reconstruir o vínculo que o tempo e os segredos haviam destruído. O último ato, ao exibir a rotina delas algum tempo depois, reforça a mensagem central do filme: por trás das telas e das senhas, o que sustenta a conexão entre as pessoas ainda é a empatia e o afeto.

Crítica: vale à pena assistir Desaparecida na Netflix?

Desaparecida mantém viva a proposta inovadora de Buscando…, adaptando-a ao comportamento online da nova geração. O resultado é um suspense envolvente, que combina narrativa tecnológica, crítica social e uma história de laços familiares reconstruídos. Ao equilibrar tensão e reflexão, o filme confirma que a linguagem digital pode ser, ao mesmo tempo, espelho da nossa era e motor para boas histórias de cinema.