O texto a seguir contém SPOILERS de The Flash
No ano em que Arrow finalmente reencontrou seu espírito, é triste perceber o quanto o trem de The Flash descarrilhou nessa terceira temporada. O acúmulo excessivo de ideias equivocadas e episódios ruins soterrou até mesmo as poucas tentativas de extrair algo de bom da trama. Dividindo o peso entre preguiça e pouca criatividade, a série do Velocista Escarlate corre para o lado oposto do que apresentou na primeira temporada.
Barry Allen (Grant Gustin) encarou o pior lado da forja dos heróis nos últimos anos. Acumulando perdas significativas, uma certa escuridão tomou conta dele. E o outrora simbolo de positividade e esperança foi se transformando numa versão super rápida do negativo Oliver Queen de outras temporadas. Foi um caminho narrativo escolhido pelos roteiristas, mas que acabou não saindo como o planejado.
As batalhas entre Barry e Savitar, assim como o mistério que cercava o vilão, passaram longe de ser o melhor da temporada. É certo que estamos diante de um ano mais emocional, especialmente na questão da busca por um meio de salvar a vida de Iris (Candice Patton). Mas o que cerca esse quesito não apresenta a mesma qualidade, criando assim um desequilíbrio de sensações.
Talvez essa terceira temporada também sofra do fantasma da expectativa. Invocar um arco aclamado como Ponto de Ignição é arriscado, ainda que tenham sido feitas modificações para a realidade da série. Mas esse era outro plot desse ano, acompanhar Barry enfrentando as consequências de suas ações. Infelizmente, faltou coragem em certos momentos.
Nem mesmo o grande sacrífico de Barry ao se tornar um prisioneiro da Força da Aceleração consegue atingir o impacto esperado. Afinal, é apenas mais uma repetição de fórmula. Algo que ocorreu com frequência aqui. Por exemplo, quando Flash ignora todos os avisos e perigos das viagens no tempo. Esquecendo completamente que foi isso que o colocou nessa situação para início de conversa.
Mas se o protagonista falha, seu núcleo de apoio está cada vez mais afiado. Por muitas vezes, Cisco (Carlos Valdes), Caitlin (Danielle Panabaker), H.R (Tom Cavanagh) e até mesmo Jay Garrick (John Wesley Shipp) foram as melhores presenças dos episódios. Segurando as pontas quando todo parecia ruir. Julian (Tom Felton) e Joe (Jesse L. Martin) completam os guerreiros do Time Flash. Com Barry fora da jogada, pelo menos no início da próxima temporada, será interessante acompanhar a interação entre esses personagens.
Em Infantino Street, penúltimo e melhor episódio da temporada, Snart (Wentworth Miller) comenta com Barry que para ele o Flash deveria sempre ser o herói. Justamente no momento que o protagonista flertava com seu lado mais sombrio. Faz falta um lado mais leve nas aventuras do Velocista Escarlate. Algumas doses de heroísmo no conceito mais puro da palavra. Nem tudo precisa ser tão trágico assim. E um pouco de criatividade também não faz mal a ninguém.
Claro que o The CW não vai cancelar uma das suas séries mais populares, mas é preciso abrir o olho. The Flash não precisa copiar Arrow no sentido de esperar muito tempo para entregar uma temporada de qualidade. E já que Barry não liga muito para regras, ele nem vai precisar voltar muito no tempo para reencontrar seu caminho. Ainda é possível resgatar o espírito da primeira temporada…