Sense8 Episódio 1 – “Ressonância Límbica” | Análise – CosmoNerd

Irmãos Wachowski tentam se reerguer com Sense8, série exclusiva Netflix

poster de sense8Há quem considere Matrix o único bom trabalho dirigido por Andy e Lana Wachowski. Desde o filme de 1999 a dupla tem colecionado decepções como as sequências Matrix Reloaded e Revolutions, além de fiascos como Speed Racer. Até mesmo filmes em que eles “apenas” cuidaram da produção ficaram maculados, como Ninja Assassino. Não que seus trabalhos sejam de fato tudo que há de ruim na face da Terra, mas acontece que o público espera (mesmo que não admita) um novo Matrix desses dois malucos, e dessa forma Sense8 chega ao Netflix com muitas obrigações antes de qualquer coisa.

A série foca em oito personagens espalhados pelo mundo que se ligam mentalmente e emocionalmente após uma morte trágica. Eles podem não só conversar entre si como ter acessos aos mais profundos segredos de cada um. Juntos eles precisam não apenas entender o que aconteceu e o porquê, como fugir de uma organização que está atrás deles para capturá-los e estudá-los.

O primeiro episódio de Sense8, intitulado “Ressonância Límbica”, começa com uma abertura envolvente tanto na música quanto no dialogo entre Angel (Daryl Hannah), Maliki (Naveen Andrews) e Mr. Whispers (Terrence Mann). A personagem de Hannah (que viveu Elle em Kill Bill, de Quentin Tarantino) é a aparente a catalizadora da conexão entre os oito “sensíveis”. E dá-lhe viagens pelo mundo passando por países como EUA, Alemanha, Índia, Coréia do Sul etc. Alguns estereótipos não escaparam dessa salada, como o africano com a mãe que sofre de AIDS ou a indiana que vai se casar sem estar apaixonada.

Os diálogos que concernem a questões antropológicas nem sempre funcionam com os Wachowski (exceto pelas conversas entre Neo e Agente Smith em 1999), como os criados para estabelecer o amor entre um casal LGBT (tema que deve ser muito abordado ao longo da série), além da tentativa apressada de deixar implícito o caos urbano no arco de Will (Brian J. Smith). Essas falhas poderiam ser deixadas de lado caso alguns atores fossem mais convincentes, mas pelo menos coisa melhora quando vai pro lado mistério.

Essa estreia mostra muito do gosto dos criadores pela musica eletrônica através de Riley (Tuppence Middleton), que ganha grande destaque nesse episódio junto com Will. Chama atenção também algumas situações bizarras (e por que não engraçadas?) como a “Van Damn” transportes (concorre da “Bat Van”!) que não tem troco para uma galinha, então porque não enviá-la para a Coréia?

Já fica claro o risco que Andy e Lana estão correndo: tentar abordar diversas culturas ao mesmo tempo que tenta dar muita profundidade traz riscos como deixar as coisas arrastadas (como tenho ouvido de quem está mais adiantado na série) e justificativas inverossímeis ou mal situadas, além da mudança brusca de rumos. A ressonância límbica com os irmãos Wachowski terá a duração de treze episódios, não me arrisco a garantir nada até lá.