Foi mal aí Todo Poderoso, mas até que Lúcifer é um cara bacana!

Seguindo a nova brincadeira favorita do mundo das séries, onde as emissoras fingem que o episódio piloto (totalmente finalizado, com efeitos e cortes) vazou e nós fingimos que acreditamos, Lucifer chegou para destilar seu veneno e anarquia na internet.

O primeiro episódio da mais nova série baseada em um personagem de quadrinhos serve para responder algumas dúvidas, criar outras e definir de uma vez por todas quem vai ou não seguir até o fim dessa estrada para o inferno. Mas antes de falar do episódio em si, que tal conhecer um pouco mais do senhor das profundezas?

Lúcifer é um personagem criado por Neil Gaiman (achou que eu fosse falar daquele outro cara né?), que apareceu nas páginas de Sandman e depois ganhou uma HQ pra chamar de sua. As 75 edições da trama serviram para consolidar o coisa ruim como um dos personagens favoritos dos leitores de selos adultos. A história comandada por Mike Carey, e que serve como plot para a série, mostra que Lúcifer Morningstar cansou do fedor e calor do inferno, daí decidiu dar uma subidinha para a Terra. Dono – e pianista – da boate Lux, ele busca aproveitar tudo que lhe foi privado milênios atrás.

https://youtu.be/EdlSIh9ZYQs

O primeiro trailer da série instigou, mas também fez os grandes fãs do personagem torcerem o nariz. Ma se depender da atuação de Tom Ellis, Lúcifer pode ter um grande futuro pela frente. Não sou grande fã de “séries policiais que resolvem o crime da semana” e não conseguia imaginar o que o Capeta estaria pensando quando decidiu bancar o detetive sobrenatural. Mas ao ver o cara em ação, é impossível não resistir a sua influência e sair contando seus segredos mais sujos. O Estrela da Manhã brilha mais que tudo e todos em seu episódio piloto.

Na trama, uma ex-funcionária da Lux que ficou famosa graças aos contatos de Lúcifer, é morta ao melhor estilo “cobrança de dívida”. Tomado por um surpreendente sentimento de raiva, ele se une a policial Chloe Dancer para resolver o crime. Chloe é recheada dos clichês comuns nesse tipo de programa: policial que segue a carreira do pai, enfrenta preconceito dos colegas, tem uma filha e uma relação conturbada com o ex-marido. Mas tudo isso é engolido pelo talento de Tom. O ator galês impõe o sotaque e trejeitos necessários para mostrar que Lúcifer caga para quase toda a humanidade e que nossa fragilidade é divertida. Mesmo não sendo 100% fiel aos quadrinhos, ele consegue ser um perfeito babaca na maior parte do tempo e com certeza vai fazer as velhinhas chatas da igreja terem um mini infarto.

Claro que ele não é o único ser sobrenatural da série. Enchendo seu saco infernal está o anjo Amenadiel, que protagoniza algumas das melhores cenas do episódio. Primeiro ele joga uma verde sobre o que poderemos ver no futuro da história, quando pergunta à Lúcifer o que ele acha que vai rolar com todos os demônios e almas condenadas que ele deixou de lado no inferno. E mais pro final, quando ambos trocam ameaças de uma futura guerra. Do lado de Morningstar temos Mazikeen (uma das filhas de Lilith, ou se preferir, a primeira esposa de Adão). Claro que a moça assume uma aparência mais sexy na série. Mas espero que ela mostre seu outro lado o quanto antes.

Entre as coisas ruins está o insistente clima de “parceiros improváveis” entre Lúcifer e Chloe. Sei que faz parte do estilo de trama, mas espero que fique de lado quando a coisa começar a feder. Os efeitos especiais foram pouco explorados. Tirando umas asas aqui e uma maquiagem infernal acolá, nada de impressionante é mostrado. Talvez esse defeito entre na pasta do baixo custo com o passar dos episódios.

Durante o episódio, levantam a bandeira de que Lúcifer está amolecendo e deixando seu lado angelical florescer. Mas foi justamente para experimentar algo novo que ele veio pra cá. Na dose certa, pode ser uma faceta interessante de explorar. Contanto, é claro, que ele não deixe de exercer sua influência errada sobre os humanos. Já que a alma do piloto reside nisso.

Lúcifer bebe, transa, odeia crianças, possui um tom de desdenho na fala e é repleto de humor negro para espalhar por aí. Esse é o cerne do personagem que não pode se perder em nenhum momento nos futuros episódios. Aliás, é inevitável não imaginar como seria um encontro com John Constantine, já que o episódio possui alguns elementos mostrados na finada série do mago sacana. Sei que são universos e emissoras diferentes, mas você vai ficar sonhando com esse crossover por muito tempo. Se ele vai se misturar com Arrow, pode fazer uma escala na Lux e trocar uma ideia como o Demônio.

Pelo episódio piloto não é possível cravar se Lúcifer fará sucesso com o público e a crítica, mas já é suficiente para querer ver um pouco mais. E se a coisa ficar feia, basta ele arrumar um contrato especial e a próximas temporadas estarão garantidas. Se você é puritano, sinto muito, mas nem pode imaginar o quanto Lúcifer é gente boa.

A série estreia no mind season de 2016. E até lá, você vai poder conferir todas as novidades sobre essa e outras atrações aqui no Cosmonerd.