The End of the F***king World ganhou uma segunda temporada recentemente, com distribuição mundial pela Netflix (a produção no Reino Unido é do Channel 4) e nela temos uma história bem desenvolvida a partir de uma premissa aparentemente banal, usando como gancho um caso marcante ocorrido no primeiro ano.
Casal disfuncional
James e Alysa formam uma espécie de Bonnie e Clyde em certos momentos da trama, pelo caráter fora-da-lei que os dois adotam em sua fuga. Além disso, eles estão em processo de conhecer um ao outro numa idade de grande variação hormonal. Juntando com o contexto atípico de cada um (ele teve uma infância dura, com suicídio na família e ela possui uma mãe negligente), temos um casal que difere muito da grande maioria das histórias.
Deslocamento social
Como já deu para perceber, integrar amigavelmente uma sociedade não é algo que está nos planos dos protagonistas da série. Tudo que representa as instituições são negados por James e Alyssa: eles fogem da escola, ignoram a propriedade privada (o que acarreta no acontecimento mais impactante da história) e cometem outros delitos. No entanto, essa rebeldia provém muito mais de uma espécie de niilismo do que por motivos de necessidades básicas como fome ou falta de dinheiro.
Depressão
Isso nos possibilita aprofundar ainda mais as reflexões sobre a série, que, apesar de não diagnosticados, possui personagens que mereciam uma consulta em médicos e psicólogos, ou mesmo psiquiatras. Alyssa é um grande exemplo disso, principalmente na segunda temporada, onde ela tenta fazer diversas coisas por impulso apenas para se livrar de um sentimento ruim.
Relacionamento abusivo
Essa é uma temática muito bem abordada pela potencial vilã da segunda temporada, Bonnie. Ela possui uma ligação muito forte com um personagem-chave da história, mostrando como pode se caracterizar um relacionamento abusivo, e o quanto isso pode ser destrutivo para a vítima e as pessoas que a cerca. O mais legal disso tudo é como os dramas dela se relacionam com os do próprio casal protagonista, estabelecendo uma dinâmica que difere do clássico herói e vilão.
Para assistir num final de semana
Com tanta oferta de filmes, séries, jogos, Youtube e podcasts hoje em dia, fica difícil encontrarmos tempo para consumir tudo que gostaríamos. The End of the F***ing World consegue compor muito bem esse dilema, dado que são episódios com 20 a 30 minutos de duração, e apenas 8 capítulos em cada temporada. Dá pra maratonar em um dia tranquilamente.
Diferença para os quadrinhos
A história da série é uma adaptação da HQ de Charles Forsman (Slasher). Claro que uma boa adaptação precisa manter a essência do material original, e a série consegue fazer isso apesar de algumas modificações. A mais significativa dessas alterações é a própria existência de uma segunda temporada, que continua os acontecimentos dos quadrinhos sem que ele exista na versão impressa. O bom disso tudo é que o nível de qualidade é mantido, como você pode ler na nossa crítica aqui.