Série da Netflix consegue evoluir dentro da sua própria fórmula trazendo uma temporada cheia de diversão
A série mais queridinha da Netflix voltou agora em julho seguindo toda uma temática de férias escolares para combinar com o mês. Stranger Things voltou para sua terceira temporada cheia de amor adolescente, Guerra Fria e mais coisas estranhas. Confira nosso review sem spoilers.
A terceira temporada de Stranger Things traz as crianças mais adoradas do mundo agora como pré-adolescentes. Mike e Eleven (Millie Bobby Brown) estão namorando naquele grude que só adolescente tem, isso deixa Hopper (David Harbour) super enciumado querendo separar os dois. Mas coisas estranhas começam a acontecer quando Joyce (Winona Ryder) percebe que seus imãs de geladeira estão caindo. Esse simples acontecimento está ligado a uma conspiração russa em Hawkings e a volta do Devorador de Mentes.
Seguindo a estrutura das outras temporadas, temos a história dividida em núcleos onde cada um vai desvendando peças do quebra-cabeças para chegar numa solução final. O melhor núcleo é com certeza de Dustin e Steve, que agora ganham mais duas aliadas. Temos Erica, a irmã de Lucas e Robin, a parceira de Steve na sorveteria. As cenas mais engraçadas e melhor química vem desse núcleo que pretende desvendar a conspiração comunista. Existem certos absurdos nesse núcleo, como crianças invadindo uma base ultra-secreta russa, mas se isso não é um plot de Sessão da Tarde eu não sei o que é. Por falar em química, o núcleo de Joyce e Hopper também é muito bom, trazendo ótimas cenas e uma tensão sexual divertida entre os dois.
O que eu senti falta nessa temporada foi mais interação entre o grupo principal de amigos. Inclusive, mesmo quando eles se juntam novamente lá no final da temporada, rapidamente são separados de novo nos mesmos núcleos sem uma justificativa aparente. Parece que a série quis realmente manter essa estrutura de núcleos até as últimas consequências.
Um dos temas mais interessantes dessa temporada é o empoderamento da Eleven. A personagem, geralmente tratada como criança ou uma pessoa poderosa que não sabe nada do mundo (um grande clichê de ficção científica), agora ganha sua liberdade através da personagem Max. Apesar de que a cena no shopping pareça fútil, ela serve como empoderamento da personagem que agora pode tomar suas próprias escolhas sem ser controlada pelo pai ou pelo namorado.
Por falar em temas, eu ouvi algumas pessoas dizendo que a série está mais política e até com propaganda anti-comunista. Eu discordo, pois o que Stranger Things faz é pegar os clichês dos filmes dos anos 80 e enfiar em sua obra sem refletir muito sobre isso. O uso dos vilões russos e do contexto da Guerra Fria nada mais é que mais um grande clichê da década de 80. Mesmo com alguns símbolos como o shopping para representar o capitalismo, o russo se divertindo com a cultura americana e a criança inteligente que critica o comunismo, eu acredito que são somente piadas inofensivas que não tem uma mensagem escondida por trás.
No final, Stranger Things é muito sobre diversão e nostalgia. Existem muitos produtos e piadas colocadas que só farão sentido para americanos, mas é muito difícil a gente não se identificar com vários aspectos da cultura pop inseridos na trama. Algumas referências podem parecer enfiadas gratuitamente, mas mesmo o filme Dia dos Mortos que eles assistem no começo da temporada é uma dica sobre que tipo de inimigos eles vão enfrentar nessa temporada.
Acredito que Stranger Things conseguiu crescer dentro da sua própria fórmula e se aproveita muito dos laços e crescimento que esses personagens desenvolveram nesses 2 anos. A série entrega a sua melhor temporada até agora cheia de conspiração, diversão, ação, emoção e muitos outros “ãos” que só agregam à obra. Estou muito curioso para ver mais temporadas e como eles vão tratar do crescimento dessas crianças que aprendemos a amar.