Netflix traz Drew Barrymore de volta com uma ótima comédia para não se ver enquanto come
Drew Barrymore chegou com tudo na Netflix em Santa Clarita Diet. Famosa por comédias românticas no cinema, a atriz vinha participando muito pouco das produções de Hollywood, mas parece que sua carreira acaba de ganhar um novo ciclo na rede de streaming.
Em Santa Clarita Diet, Sheila (Barrymore) e seu marido Joel (Timothy Olyphant) são dois vendedores de imóveis com uma rotina normal de qualquer família de classe média/alta com suas preocupações banais. Tudo muda até Sheila passar mal, vomitar até perder a bile e morrer. Tudo isso para acordar pouco tempo depois, cheia de fome por carne crua e (como acaba descobrindo em pouco tempo) humana. Cabe então ao casal junto de sua filha Abby (Liv Hewson) tentar levar uma vida normal, se é que isso é possível.
O grande lance de Santa Clarita Diet é se permitir ser o que quiser, nesse caso, algo além da mitologia Zumbi. Nada de hordas inteiras de famintos por carne humana andando por aí (ao menos por enquanto) no estilo Zumbilândia, filme de comédia que chegou a ter um piloto não aprovado na TV. O foco aqui são os personagens, e cada um tem sua devida importância. Para os amantes do zumbi clássico, há todo esse saudosismo e mais um pouco no nerd Eric (Skyler Gisondo), que inclusive presta assessoria para Sheila e sua família em determinados momentos, tanto pela sua curiosidade quanto pelo amor a Abby, a filha da morta.
O freio criativo de Santa Clarita Diet é quase inexistente. “Não assista comendo” será um dos frequentes conselhos e quem viu (e recomendará) a série. Vômitos e membros humanos frescos, congelados ou até batidos no liquidificador estão presentes o tempo todo, num tom de humor nonsense que emula a dinâmica de uma família de classe média/alta estadunidense. É como o tom sádico da série Dexter quando se trata de vidas humanas, mas com algumas pessoas querendo comer os restos humanos dentro da trama.
A dinâmica entre Barrtmore e Olyphant está excelente na série, onde a primeira nunca foi tão feliz em sua vida mesmo na condição de morta, enquanto Joel lida de forma surpreendentemente aceitável com a situação, mas aos poucos vai se dando conta da atmosfera maluca de tudo e, somado aos seus dilemas mundanos como falta de confiança, o surto vai se tornando iminente. Já Barrymore está totalmente solta, cheia de personalidade e mostrando que se não está mais tão em evidência na indústria dos EUA, não é por falta de talento. Méritos também para o criador da série, Victor Fresco.
O que mais chama atenção negativamente é o clímax. O formato Netflix de se assistir por maratonas parece ter sido confundido aqui, onde o final dessa primeira temporada de Santa Clarita Diet se dá sem concluir o mais importante. Não existe “gostei” ou “odiei” após os 10 episódios, mas sim “estou gostando / odiando”, muita coisa ainda precisa acontecer nessa nova surpresa da Netflix. Estamos no aguardo.