Crítica | Perdidos no Espaço (Netflix): nada como um robô e seu amigo

Recém chegada ao catálogo da Netflix, Perdidos no Espaço consegue abordar, de forma bastante prática e delicada temas relacionados a crescimento, confiança e amizade

A Netflix reforça seu catálogo ainda mais em 2018 com Perdidos no Espaço, remake da série clássica da década de 1960. A trama acompanha a família Robinson numa época que seria cerca de 30 anos no futuro, onde a Terra está com os dias contados e a humanidade precisa explorar o universo em busca de novos locais para habitar.

Algumas situações pouco convincentes são apresentadas em Perdidos no Espaço, mesmo se tratando de uma série de ficção. Isso se dá principalmente em algumas missões paralelas criadas no decorrer dos episódios, que são interessantes para mostrar parte da personalidade de alguns personagens (como Don West, o contrabandista que tem uma galinha como pet vivido por Ignacio Serricchio) e também o trabalho de design de produção da equipe da série Netflix

O elenco carece de um certo carisma, mas no decorrer dos episódios conseguimos nos identificar e gerar a empatia necessária para chegar até o final da história. Os maiores responsáveis por isso são certamente Will e seu robô. A amizade entre os dois é bem desenvolvida, onde o roteiro pauta questões importantes como confiança e sacrifício de forma delicada, sem deixar de lado todos os envolvidos na trama.

Isso porque Perdidos no Espaço não é apenas a série de uma criança e seu robô. O tema principal aqui é, na verdade, a família Robinson. Cada um deles possuem um nível bacana de profundidade: Will (Maxwell Jenkins) carece de amigos e de confiança, pois sabe que não conseguiu alguns privilégios por mérito próprio. Maureen (Molly Parker, de House of Cards) está no limite físico e mental ao mesmo tempo que precisa carregar todo o peso de proteger sua família. John (Toby Stephens, de Black Sails) desconfia das intenções do robô mais do que qualquer um, um pouco pela precaução e outro tanto pelos ciúmes dele estar tomando um espaço no coração do filho que seria dele. Até as filhas Judy (Taylor Russell) e Penny (Mina Sundwall) possui seu nível de dramaticidade bem dosado.

Parker Posey é uma boa atriz, e sua personagem, Dra. Smith, tem um certo carisma. Porém, trata-se de um perfil de vilão já batido e que impede muito a trama de avançar, que é a figura do malfeitor pouco confiável e manipulador. Há alguns vislumbres de subjetividade em suas ações, no entanto, mas no geral, é apenas a vilã criada com o propósito de ser odiada pelo espectador.

Chama atenção o bom uso do orçamento dado pela Netflix para essa série. Os cenários estão grandiosos e orgânicos, ou seja, você não fica com a sensação de que um planeta localizado em outra galáxia é de mentira, tampouco suas criaturas e fenômenos climáticos. O mesmo vale para o robô: nada de efeitos preguiçosos e completamente em CGI (como o Demogorgon na 1ª temporada de Stranger Things, por exemplo), mas sim algo bem acabado lançando mão de efeitos práticos. Nada que beire a perfeição, no entanto.

Vale a pena assistir?

Vale. Perdidos no Espaço entretém legal, carecendo apenas de um texto mais ligeiro em alguns momentos. Nada que vá impedir sua diversão, principalmente se você tiver mais tempo disponível do que a Terra tem de vida.