Crítica | Ozark – 2ª temporada (Netflix)

2ª temporada de Ozark, estrelada por Jason Bateman, Laura Linney e Julia Garner, entrega uma trama mais densa que se sobressai pela qualidade dos personagens

Após a elogiada estreia em 2017, Ozark retorna com mais episódios ao catálogo da Netflix para continuar a interessante história de um contador que trabalha para o Cartel mexicano, num processo envolvendo toda sua família e a mudança para uma cidade no Missouri, nos EUA.

Do ponto de vista estrutural, a 2ª temporada de Ozark não se preparou para oferecer muitas surpresas ao espectador. A maior parte dos desmembramentos da trama são uma consequência (um tanto óbvias) do ano anterior, como no caso de Mason (Michael Mosley), Jacob Snell (Peter Mullan), Rachel (Jordana Spiro) e tantos outros. Ao mesmo tempo, fica claro que a intenção de Bill Dubuque e Mark Williams, criadores da série, era propor dessa vez uma experiência mais complexa e densa após a ótima apresentação da série em 2017.

Isso se reflete nas inúmeras passagens políticas, carregadas de hipocrisia e conduta questionável por parte dos personagens. As novidades no elenco são Charles Wilkes (Darren Goldstein), um político local, e Helen Pierce (Janet McTeer), advogada do Cartel que investiga o sumiço de um dos membros da organização por aquelas bandas. O cerco está se fechando para a família Byrde…

É nesse cenário que algumas figuras possuem um brilho elogiável, como Laura Linney, que dá vida a Wendy. Sua evolução, desde a estreia de Ozark até o final da 2ª temporada, é interessante e coerente. Jason Bateman interpreta mais uma vez Marty, mas sem acrescentar nada além do campo comum ao ator, dotado de muito carisma. Completando a família protagonista, Jonah (Skylar Gaertner) e Charlotte (Sofia Hublitz) tentam retratar o mais possível de como seria se filhos de classe média alta descobrissem que os pais são autênticos mafiosos.

Um núcleo envolto de suspeita para esses novos episódios era o dos Langmore, família de Ruth que teve agora seu pai, Cade (Trevor Long) liberto da prisão. Julia Garner surpreende mais uma vez e entrega um trabalho incrível, tanto pela sua atuação quanto pelo modo ao qual sua personagem é colocada sob a influência paterna. De implacável e determinada, ela passa a ser uma pessoa indecisa e vacilante, submissa às ambições de Cade. Ao mesmo tempo, ela nutre sentimentos opostos: a culpa de um assassinato e o amor pelo primo.

Alguns elementos poderiam ter ganhado uma sobrevida, como o pastor Mason e toda sua trajetória de fé, algo que rendeu uma cena poderosa dele com Wendy. Ao menos, o desfecho mostra Ozark se colocando como uma série que não pretende mais olhar para trás numa eventual 3ª temporada, algo coerente a ser feito, visto que os Byrde agora terão problemas com o sindicato a serem resolvidos.