Crítica | Os Inocentes – 1ª temporada (Netflix)

Nova série da plataforma está longe de ser um fenômeno, mas vale o tempo dedicado

A Netflix gosta de lançar seus fenômenos sempre que possível. No segmento de séries sobrenaturais, o leque é bastante interessante: Stranger Things, The O. A., Dark… são programas que conquistaram bastantes espectadores para a rede de streaming, levando sua marca globalmente na boca das pessoas. Os Inocentes é uma nova tentativa de acerto nesse campo.

A série acompanha uma garota e seu namorado quando decidem fugir para Londres, longe das proibições impostas tanto no relacionamento quanto na liberdade em geral. Ela sente falta de sua mãe, que resolveu ir embora em condições misteriosas. Ele quer prover à sua amada uma vida digna longe dali, deixando na mão seu pai, que necessita de cuidados específicos. Logo no começo, essa aventura toma rumos diferentes onde traumas do passado irão procurá-los.

O enredo traz toda a cartilha para um thriller sobrenatural: um submundo de pessoas diferentes, a jovem e poderosa protagonista que irá fazer parte desse grupo e que terá nele um antagonista (mesmo que momentâneo). Mesmo que a mecânica das “habilidades especiais” seja interessante, não é nessa primeira temporada que teremos grandes explicações sobre isso. Apenas alguns indícios.

Imagem: Divulgação

Guy Pearce como o doutor Halvorson faz um papel deveras interessante, mas que não exige tanto assim de suas habilidades cênicas. Isso pode ser considerado algo ruim se lembrarmos de seu nome como o mais estrelado para a série, mas ao mesmo tempo ele abre espaço para outros talentos se destacarem.

É o caso de June, vivida por Sorcha Groundsell. A atriz, não muito conhecida, ganha uma exposição maior aqui e mostra bastante carisma e desenvoltura, se posicionando como opção interessante para futuros grandes projetos. Infelizmente, o roteiro não contribui para sua dramaticidade ir além, algo que pode ser melhor aproveitado caso a série tenha sequência. Seu romance com Harry (Percelle Ascott) soa exagerado para um público mais adulto, com cenas muito longas de um romance adolescente que, via de regra, deve atender à demanda apenas dessa faixa etária.

Como menção honrosa de personagens interessantes, também temos Runa (Ingunn Beate Øyen) e Kam (Abigail Hardingham).

A “maratonabilidade” aqui é de baixa para média. Alguns momentos podem cansar bastante pelo travamento da trama com plots bobos (como o já citado romance adolescente), mas em outros momentos as coisas são agradáveis, com um reforço das belas paisagens da série, que se ambienta em três locais: interior da Inglaterra, Londres e uma ilhota na Noruega.

O desfecho dessa primeira temporada até consegue dar uma dose satisfatória de adrenalina, mas compromete bastante a maneira como poderá ser explicada a mitologia principal da série (quem já viu sabe do que estou falando). Está sem muita ideia do que fazer no final de semana? Dê uma chance para Os Inocentes.