Crítica | Eu, Tu e Ela (3ª Temporada)

Exclusiva do catálogo da Netflix, série trata do poliamor de modo marginal

Eu, Tu e Ela é uma daquelas séries que agradam logo pela premissa. Um casal comum estadunidense vê seu relacionamento cair na mesmice, até que uma série de acontecimentos os levam a um relacionamento a três com uma atraente garota, formando assim um casal de três. Supõe-se, dessa forma, que a série vá abordar o tal do poliamor de forma bem elucidativa.

No entanto, podemos colocar a série mais como um Sense8 despropositado do que um Globo Repórter sobre o tema. Original do canal Audience Network, Eu Tu e Ela é distribuída mundialmente pela Netflix e acaba de ganhar sua 3a temporada, que por sua vez repercute bem os acontecimentos do ano anterior.

Para quem já vinha acompanhando, tivemos o final do segundo ano com Emma (Rachel Blanchard) abandonando Jack (Greg Poehler) e Izzy (Priscilla Faia) por não aguentar pressões do relacionamento, como a demanda por um filho e o medo de abandono quando Izzy ficasse grávida. Ela e Jack tentaram isso por muitos anos, até ela acabar desenvolvendo uma vontade de não ter filhos em sua vida. Seu refúgio foi em Seattle, onde arrumou uma namorada e ao mesmo tempo deu um upgrade em sua carreira profissional.

As problemáticas na vida de cada um do “trisal” ficam bem claras. Além do relacionamento a três, que sempre será um desafio do ponto de vista social, a 3a temporada de Eu, Tu e Ela continua o drama de Jack em querer ser pai, enquanto Emma avalia se tomou a decisão correta e Izzy precisa lidar com a volta do seu pai negligente.

Também foi um acerto dar ainda mais profundidade aos personagens que rodeiam o trio protagonista. Nina (Melanie Papalia), amiga de Iz, agora possui um interesse amoroso a mais, enquanto tenta se acertar consigo mesma. Carmen (Jennifer Spence), melhor amiga de Emma, agora possui uma nova melhor amiga e uma carreira a seguir, algo que vai de encontro com a necessidade dos seus filhos e marido.

No entanto, essas subtramas são prejudicadas com diálogos mal construídos e repetitivos em certos momentos, tentando dar a alguns personagens um tom “diferentão”, uma tentativa de peculiaridade que acaba resultando em vergonha alheia ao espectador. Soma-se isso ao efeito videoclipe, isso é, aquele momento onde a trama faz uma pausa para tocar uma música maneira e mostrar os protagonistas fazendo sexo, e temos uma série difícil de acompanhar, apesar da premissa interessante.

Digamos que se for para Eu, Tu e Ela continuar, seria mais interessante um enredo que se aprofunde no poliamor nesta 4ª temporada. Emma e Jack já passaram dessa fase de casal classe média alta tentando se acertar com uma nova pessoa. Se não for para tanto, essa 3ª temporada pode muito bem ter sido um final digno para a série, seja na Netflix ou em seu canal de origem, o Audience Network.