Com 4 episódios, a Netflix trás nostalgia para os fãs dos jogos e agarra quem não conhece a franquia Castlevania
Por Luke Muniz
A nova série original da Netflix, “Castlevania“, resgata em sua adaptação para animação, todo o clima sombrio, gótico, mágico e violento da história de seus jogos. Desde seus personagens clássicos até seu visual. Acompanhando o último membro da família Belmont, a história se desenrola em sua jornada para salvar a Europa Oriental da perversidade do grande Vlad Dracula Tepe.
Os primeiros minutos do primeiro episódio já deixam você engajado na trama, apesar de haver um diálogo pouco desenvolvido e um tanto forçado entre os personagens Dracula e Lisa, criando muito rápido uma relação muito difícil de acontecer tão rápido entre dois seres de realidades totalmente diferentes. Mas é aceitável e consequentemente você acaba comprando a causa dos personagens. Embora pudesse ter sido um pouco mais desenvolvido, talvez um pouco mais de tempo de tela.
Tendo isso construído, o estopim da série acontece em detrimento do relacionamento entre o Dracula e Lisa. Uma terrível tragédia traz a tona toda a fúria do vampiro, que a muito ele havia esquecido. Jurando vingança, ele convoca exércitos do inferno para acabar com toda a vida existente que se colocar em sua frente, sem vê a quem, ele irá matar.
O grande responsável pela tal tragédia, foi a Igreja. Que cumpre perfeitamente o seu papel de um dos vilões da série. Fazendo até o espectador se compadecer da causa do Dracula, embora seus métodos sejam sanguinários. E quando um vilão, como um todo, consegue causar esses efeitos, denota uma grande relevância e peso significativo para a história, além de, uma excelente escrita. O próprio fato de um dos antagonistas ser uma instituição, já define muitas coisas automaticamente, como por exemplo, todos os personagens que servem à ela, já dividem as mesmas motivações e economiza tempo de tela sem muitas explicações, e também, a questão de realizar atos em nome de Deus, cria uma dicotomia bastante interessante e com enorme potencial.
Temos uma excelente apresentação do protagonista Trevor Belmont, em uma dinâmica e divertida cena em um bar, rapidamente é entendido o que o personagem é e como ele anda vivendo. Definindo de forma convincente uma parte da personalidade de Belmont. O desenvolvimento dele se torna maior em cada episódio e transita de um ponto A para B de uma forma não tão sútil, mas que não danifica em nada a experiência.
O visual se destaca, desde o design dos personagens ao design dos cenários. Tudo funciona muito bem, sempre resgatando e respeitando o material original, as cidades são quase um personagem da história. E a escolha de cores ressalta e realça todo o clima fúnebre, sangrento e violento que a série carrega e carregará em sua vindoura segunda temporada. Além de que, temos excelentes shots de fotografia.
Vale ressaltar que a série não é um monte de cenas de luta e ação desenfreadamente, o foco é na narrativa e a violência vem em consequência dos fatos e não o contrário. O que é bom, se os episódios fossem todos em volta de ação, poderia gerar efeito anestésico e tudo ia se sustentar por um elemento apenas.
Os gamers mais assíduos e fãs da franquia de jogos, vão notar diversas referências, desde o clássico e mais famoso “Castlevania – Symphony Of The Night” ao “Castlevania III” e “Castlevania – Lord Of Shadows“. E sim, o querido Alucard está presente e sua participação é bem cirúrgica, deixando todo o gosto de “quero mais” para a segunda temporada.
O roteiro fica a cargo de Warren Ellis, que é roteirista de quadrinhos e inclusive já roteirizou HellBlazer. Então, já é familiarizado com certos aspectos semelhantes de ambas as narrativas e desempenha um trabalho bem competente.
Castlevania é ambiciosa, bem escrita e fideliza novos fãs para sua lore. Para a segunda temporada, podemos esperar mais episódios (dentre outras coisas) por parte da Netflix.