Angolmois: se você gostou de Ghost of Tsushima, então veja este anime

A temática de samurais é algo já bastante visível e trabalhado na cultura pop. Os filmes do saudoso cineasta Akira Kurosawa, como Rashomon (1950), Os Sete Samurais (1954) e muitos outros, desempenharam um papel fundamental na popularização da estética e história do Japão feudal. Inspirando-se nesse rico legado, o jogo Ghost of Tsushima, exclusivo para PlayStation 4, traz várias referências a um período crucial da história japonesa. Se você apreciou a experiência oferecida pelo título da Sony, o anime Angolmois: Record of Mongol Invasion é outra obra que merece sua atenção.

Este texto não é uma crítica, mas uma indicação.

“Ghost of Tsushima” apresenta a jornada de Jin Sakai, um samurai sobrevivente à invasão mongol em sua ilha natal, em busca de vingança, mesmo que isso coloque sua honra em xeque. A história do título da Sony é baseada em acontecimentos históricos do século XIII d.C na ilha de Tsushima – que fica localizada entre o arquipélago japonês e o continente asiático, em face com a Coreia. A invasão dos mongóis à ilha é um dos pontos importantes na historiografia japonesa, pois marca o inicio dos ataques do grande império de Khublai Khan (1215-1294), neto de Ghengis Khan, ao Japão.

Já o anime “Angolmois” se baseia no mesmo evento histórico — a invasão mongol ao Japão no século XIII —, concentrando-se no primeiro ataque liderado pelo império de Khublai Khan, neto de Genghis Khan. Essa invasão ocorreu em novembro de 1274, durante o 11º ano da Era Bun-ei, e marca a primeira vez que o Japão enfrentou um inimigo estrangeiro, pois, até então, suas batalhas eram internas¹.

Lançado em 2018, o anime segue Kuchii Jinzaburou, um samurai exilado na ilha de Tsushima, que se une a um grupo heterogêneo composto por guerreiros, piratas, mercadores e nobres. Entre os companheiros de Kuchii, destacam-se personagens como o ex-pirata Oniitakemaru, o arqueiro Hitari, o jovem ágil Amushi e o monge Doen, com conhecimentos médicos. Além desses aliados, a trama apresenta figuras locais como Teruhi, filha do governante da ilha, que desafia seu papel imposto pela sociedade para proteger sua terra natal, e Nagamine, líder do clã Toibarai, que também luta contra os invasores.

Embora Kuchii e outros personagens sejam fictícios, os clãs So e Toibarai representados no anime são historicamente reais e desempenharam um papel crucial na resistência contra os mongóis. Essa liberdade criativa permitiu que o autor original, Nanahiko Takagi, desenvolvesse sua própria narrativa no mangá homônimo, publicado inicialmente em 2013².

O anime foi dirigido por Takayuki Kuriyama (Orange, Re:Creators), com roteiro de Shogo Yasukawa (Food Wars: Shokugeki no Soma), e produzido pelo estúdio NAZ, responsável por obras como “My First Girlfriend Is a Gal” (2017), “My Sister, My Writer” (2018) e “Id:Invaded” (2020). A trilha sonora inclui a abertura “Braver”, da banda Straightener, e o encerramento “Upside Down”, do grupo SHE’S. Confira abaixo.

Visualmente, o estúdio adotou um filtro estilizado que remete a pinturas tradicionais, uma escolha estética que pode não agradar a todos, mas que enriquece a atmosfera histórica da animação. Os cenários, que incluem densas florestas e uma baía imponente, contribuem para retratar a luta árdua dos japoneses contra as tropas mongóis.

Com uma primeira temporada de 12 episódios, “Angolmois: Record of Mongol Invasion” está disponível na Crunchyroll.  Já “Ghost of Tsushima”, produzido pelo estúdio Sucker Punch (Infamous: Second Son), foi lançado para PlayStation 4 em 17 de julho de 2020.

Uma curiosidade: O nome “Angolmois” deriva de uma profecia de Nostradamus sobre um “grande rei mongol”, unindo uma palavra antiga francesa a “Mongolians”, em alusão a Genghis Khan³.

¹ ALMEIDA, D.M. A Importância das Invasões Mongóis ao Japão do Séc. XIII
Na Construção do Guerreiro Samurai, 2014.

² Mangá de Takagi Nanahiko será publicado pela Comic Walker. Comic Natalie, 2014.

³ PROPHET, Elizabeth Clare. Profecia de Saint Germain para o Novo Milênio: Inclui Profecias Dramáticas de Nostradamus, Edgar Cayce e Mãe Mary, 1999.