Licenciamento: muito além da sala de cinema

Com apoio de empresas parceiras, corporações como Warner e Disney alcançam recordes de faturamento com venda de produtos relacionados às marcas e personagens

Por Felipe Rossetti*

O setor de licenciamentos no Brasil vive um boom graças à entrada da cultura nerd e geek no gosto do grande público consumidor – como atestado pelas maiores bilheterias de cinema no país (Capitão América: Guerra Civil, da Marvel, Batman vs Superman – A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida, ambos da Warner/DC Comics, foram os filmes mais vistos nas telonas brasileira em 2016) e o sucesso de eventos como a CCXP – Comic Con Experience, em que mais de 190 mil pessoas marcaram presença.

Trata-se de um público que, além de ir às “sessões pipoca”, literalmente vive esse mundo, comprando tudo o que pode pelo caminho – e é exatamente a partir desse ponto que o setor de licenciamentos ganha força. Estimativas da Associação Brasileira de Licenciamento (ABRAL) mostram que, entre as propriedades mais exploradas pelas empresas, 70% são ligadas ao entretenimento, frente a 20% do setor corporativo e 10% do esporte.

Ainda segundo a ABRAL, o faturamento do setor em 2016 foi de R$ 17,850 bilhões, um crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Para 2017, a previsão é um aumento de 5%, elevando os resultados para, aproximadamente, R$ 18,740 bilhões. Além disso, o Brasil é um dos seis países que mais “ganham” com licenciamento de marcas no mundo, juntando-se aos Estados Unidos, Japão, Inglaterra, México e Canadá.

No mercado de confecção – considerado o principal segmento licenciador – os grandes estúdios de cinema tornam-se verdadeiros parceiros, que prezam, acima de tudo, pela qualidade dos produtos (sejam camisetas, bonés e até pequenos brindes) que são produzidos e comercializados, a fim de levar a marca e seus personagens às pessoas, com excelência.

É de responsabilidade dos licenciadores e licenciados a construção de uma narrativa convincente entre público e marca. No mundo do entretenimento, por exemplo, ela pode começar com a publicação de um quadrinho, passando pela a exibição de um filme, depois pela experiência proporcionada em alguma promoção (em um restaurante, por exemplo), até a oferta de produtos que dialogam com todas as etapas anteriores.

Fazer isso bem feito só traz benefícios, tanto às empresas – que registram resultados que sustentam a manutenção do próprio setor – quanto aos consumidores, que contam com itens condizentes com sua expectativa e continuam emocionando e fazendo sentido mesmo anos depois que o tal blockbuster sair de cartaz.

*Felipe Rossetti é sócio fundador da Piticas, empresa criada junto com seu irmão, Vinícius Rossetti, que se tornou uma das maiores fábricas de camisetas especializadas em estampas da cultura pop do país, produzindo 17 mil camisetas por dia, com mais de 500 funcionários e quase 250 lojas franqueadas espalhadas pelo país, além do e-commerce próprio na Internet.