Lady Gaga, Super Bowl e a guerra de fandom nas redes sociais

Antes de ler este texto peço que vocês, amigos leitores do Cosmo, dispam-se de todo o pré-conceito que tenham quanto a artistas pop que estão reinando nas paradas e também quanto ao seu conceito sobre Lady Gaga em particular. Vamos esquecer também de toda a extravagância que acompanhou a cantora em seus primeiros anos de holofotes e ganho de espaço na mídia. Não tenho o mínimo interesse em diminuir o fandom de nenhuma cantora pop, mas apenas analisar o comportamento dos fãs. Dito isto, vamos começar.

Não adianta eu repetir que o half time do Super Bowl é um dos maiores momentos da TV americana (e, obviamente, o mais caro se você se interessa sobre investimentos publicitários), e arrisco a dizer que para os leigos em esporte é, talvez, o único atrativo para quem não está nos EUA mas ama assistir performances apoteóticas. Vamos combinar, eu já levanto a mão para assumir que, fora os filmes americanos nos quais vemos alguma coisa sobre futebol americano porque sempre tem algum jogador em filmes de comédia adolescente (olá, ‘Não é Mais Um Besteirol Americano’) e fico super ansiosa quando se fala no “show do intervalo” porque sabemos que o artista escolhido é AUTOMATICAMENTE intimado a fazer um show inesquecível. E foi essa pressão que Lady Gaga sofreu quando foi escolhida para a apresentação deste ano. E claro, começaram as guerrinhas via Twitter e Facebook a fim de deslegitimar a apresentação da artista pelo simples fato de não gostar dela.

Lamentável! É esta a primeira coisa que penso. Porque, cá entre nós, sou hoje uma mulher no auge dos 32 anos e zero paciência com essa briga infantil pra saber quem é mais interessante e lucrativa (DEUS É MAIS! RS). Há um tempo temos percebido a olhos nus que não adianta mais vender muito, a qualidade passou a ser algo cada vez mais recorrente. Que bom, né gente!? Então, não adianta vender absurdamente, isso não quer dizer que o seu trabalho foi realmente de qualidade ou teve o apelo comercial necessário. E pasmem, a maioria dos artistas estão começando a se ligar que não adianta vender, por isso estão começando a fazer um trabalho mais fiel a suas ambições. Como esquecer o fracasso de Bionic de Christina Aguilera, que eu considerei um álbum realmente muito bom mas lançado em um mercado que ainda não estava preparado e por isso amargou o ‘flop’ em seu lançamento e é motivo de piada até hoje nas rodinhas de amigos que se julgam entendedores de música baseando-se apenas nos números da Billboard e afins!?

Vamos aos fatos! Lady Gaga surgiu no estádio de forma bem ambiciosa, logo lá em cima, no topo, cantando um trecho do hino americano e sob efeitos de um céu com luzes azuis e vermelhas, fazendo uma homenagem à bandeira. Amarrada por cabos de aço, Gaga literalmente se joga na direção do palco, e para em uma espécie de torre moderna e cheia de detalhes cromados (Já dizia Bob Esponja em um de seus episódios: “o futuro é cromado”). Eu sei que vai ter gente reclamando com esta analogia mas Gaga estava parecendo uma versão pop lá de “o olho que tudo vê”, dançando e cantando a icônica e imortalizada na memória de sua carreira, Pokerface. Não poderia ser outra. E ao finalizar, Gaga mais uma vez se joga, mas desta vez, em meio a muita fumaça, e aterrissa ao lado de seus dançarinos, em um palco totalmente iluminado, e rodeada por fãs na fila do gargarejo. Nem menospreze os fãs ali, porque eles estavam lá pra fazer a diferença durante toda a apresentação. Isso mesmo, eles e suas lightsticks que interagiam completamente com as músicas conforme a apresentação avançada. Sim, a luz também foi coreografada e foi lindo.

Na sequência, Lady Gaga engatilha Born This Way, Telephone e Just Dance. Até os backing vocals não ficaram parados, seguiram Gaga pelo palco, participando da coreografia com todo mundo. Achei essa parte incrível. Ao começar Million Reason, a cantora vai até o piano e mostra o que ela tem feito de melhor desde o lançamento de Joanne, soltou a voz de uma forma única, despindo-se de todas as preocupações com coisas elaboradas porque o momento pede apenas alma, voz e melodia. Valeu um momento Xuxa, mandando beijo pro papai e pra mamãe; mas como julgar? Ela tá no horário mais importante dos Estados Unidos e chegar até lá é um triunfo enorme na carreira. E claro, completando a apresentação, temos Bad Romance, muitos fogos e interação com público, findando com uma Lady Gaga eufórica jogando o microfone no chão e se atirando no ar para catar a bola de futebol America que jogaram pra ela. WOW!!!!!

Foi somente o tempo de terminar a apresentação para chover as comparações com as apresentações anteriores. Os haters amam comparar e claro, não podiam deixar de fora a Beyoncé (A mulher tão ocupada com o fato de estar gravidíssima! RS) e sua Formation afrontosa, que também considerei única na época. Vamos combinar que tivemos boas apresentações nos últimos anos e nunca mais aconteceu nada como o fatídico mamilo de Janet Jackson e Justin Timberlake como acompanhamento da fórmula do fracasso. De verdade, não compreendo a necessidade que as pessoas tem de admirar algo, e imediamente comparar com outra. Que eu bem saiba, no mundo pop é muito complicado ter algo 100% inédito e a apresentação da Gaga mostrou uma artista entusiasmada com o próprio trabalho, coisa que temos percebido desde que as promoções de Joanne começaram mas ela não se ateve a essa nova fase. De fato, a única referência foi a própria Million Reasons que serviu até mesmo pra dar uma esfriada na galera que tinha engatado hits dançantes na primeira metade do show. Deu para perceber como o trabalho com Tony Bennett amadureceu uma cantora que imaginávamos estar para sempre fadada a gravar hits plásticos e ter uma data de validade para que tanto sua imagem, quanto sua música, expirassem. Porém, pelo contrário, estamos vendo o momento em que Lady Gaga está madura o suficiente para ignorar os números, mas comprar a fidelidade de si mesma à música e a seus desejos iniciais quando ainda galgava um lugar ao sol, rodeada de roupas que falam mais alto do que sua música, vamos combinar.

E nem vamos falar de quem andou comentando sobre o corpo da cantora e a ausência da barriga negativa. Isto porque Gaga tinha uma gordurinha mínima subindo nos shorts.

Gente, vamos amadurecer! O que vimos ontem foi uma cantora pop mostrando ao mundo que uma nova fase foi iniciada e que nós temos milhões de razões para continuar acompanhando. E ó, pra acompanhar, não precisa ser fã. Mas se você quer ser crítico, precisa aprender, desde sempre, que criticar e falar mal são duas coisas diferentes. Se assim fosse, teríamos vários críticos na porta de casa, as famosas “comadres”, não é mesmo!? Aceitem que no mundo pop há espaço para todos. E que assim seja.

Ainda não viu e não entendeu nadinha do que eu falei no texto? Então corre no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=OJHi_NcCmeY

E sobre as apresentações que comentei que aconteceram no ano passado, segue o link para ver o showzaço que Coldplay, Bruno Mars e Beyoncé fizeram.

E pra quem está acusando a Lady Gaga de ter copiado a P!nk por causa dos cabos e tudo mais, fica aqui um gif para vocês:

Claudia Leitte voando no Rock in Rio 2011