Quadrinhos, Games e Animações de mãos dadas no 2º dia de Anima Forum

Zé Brandão e Robert Valley foram algumas das atrações do segundo dia de Anima Forum

O segundo dia do Anima Forum, dentro da programação do Anima Mundi 2017, foi recheado de momentos inspiradores. Pela manhã, o ilustrador, animador e quadrinista canadense Robert Valley contou o seu case de transferência dos quadrinhos para a animação. “Eu sempre tive um sonho de colocar meus quadrinhos em movimento” revela Robert. Ele formou-se no Emily CarrCollege, no Canadá. Trabalhou com Peter Chung na série Aeon Flux, dirigiu o curta Wonder Women DC Nation e Shinjuku, e todos esses trabalhos o levaram até o seu próprio filme. “Peer Cider And Cigarretes”, indicado ao Oscar 2017 como melhor curta de animação. Confira o trailer abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=97nSokL9BQs

O interessante, ao ouvir Robert Valley falar, é observar como ele precisou ser dedicado e imerso num trabalho árduo e até solitário em alguns momentos. “Terminei o roteiro do filme no dia em que meu filho nasceu. Naquele dia nasceram duas coisas, e uma delas tinha que pagar o aluguel” brinca Robert. Fiz questão de colocar aqui nesta postagem, alguns detalhes do trabalho dele que na produção de “Peer…” encontra o seu ápice. A saída do desenho preto e branco, para a descoberta dos tons de laranja e azul, e sua conexão com a música. Recursos como a voz off utilizado de maneira incrível, gravado pelo próprio Robert, dá força e ainda mais drama na história. É perceptível que a união entre quadrinhos e animação pode render resultados visuais e narrativos diferenciados.

E os quadrinhos não estão sós nesta aproximação com a animação. Os programadores e desenvolvedores de games tem se aproximado de estúdios de animação e vice-versa. A prova clara disso aconteceu no painel sobre o assunto. No palco Zé Brandão, sócio do Copa Studio responsável por animações de sucesso como “Irmão do Jorel”, “Tromba Trem” e “Historietas Mal Assombradas para Crianças Mal Criadas” e Henrique Alonso da PocketTrap, desenvolvedora de games, entre eles o “Ninjin Clash of Carrots” que será lançado em breve para Playstation 4. As duas empresas estão desenvolvendo trabalhos em conjunto, onde jogos criados podem virar animação e animações podem virar jogos. Eles já estão desenvolvendo dois jogos um baseado na série “Tromba Trem”, onde os cupins vilões do seriado serão os personagens principais do game, e outro com o “Irmão do Jorel”, uma espécie de “detetive” onde o Irmão do Jorel tem que explorar o cenário para completar missões.

Perguntaram a eles qual é o ideal, criar um jogo e depois migrar para a animação ou o contrário? Brandão disse: “provavelmente o Henrique vai dizer para começar pelo jogo, e eu, claro, vou dizer que é pela animação”. Pelas facilidades dos incentivos via Fundo Setorial do Audiovisual da Ancine (Agência Nacional de Cinema), começar com produtos audiovisuais está mais acessível do que para games, onde os editais são mais escassos e incentivos ainda estão no início. “É tudo muito novo”, afirma Henrique.

A noite ainda terminou com uma excelente notícia. Eliana Russi, diretora executiva da ABRAGAMES (Associação Brasileira de Desenvolvedores de Games) falou sobre o “casamento” do Anima Mundi e do BIG (Brazil`sIndependent Games Festival) que em suas próximas edições vão se aproximar ainda mais ajustando os calendários de eventos, promovendo rodadas de negócios em conjunto já que essas duas forças da indústria criativa dividem mesmos profissionais, mercados, fornecedores e parceiros.

Eu saí do segundo dia de Anima Forum cheio de ideias. Uma prova de que o objetivo do evento está se cumprindo. Confira fotos na galeria:

Vinicius Augusto Bozzo é roteirista, diretor, editor e ator comediante. Produziu diversos programas de televisão, séries para webe documentários para TV (“As histórias de Quintino Cunha”, “Aldeia do Saber” e “Máquina de um Tempo”). Atualmente é diretor da Sinfonia Filmes e está finalizando uma série de animação chamada “Bambolim” e é nosso enviado no Anima Mundi 2017.