Toda a mitologia que cerca Star Wars é um terreno fértil para a criação de histórias e personagens. Nas mais diversas mídias, a franquia deixou claro que existe vida além do sobrenome Skywalker. Na TV, The Mandalorian é um sucesso absoluto. Se falarmos de séries animadas, Rebels e The Clone Wars ampliaram ainda mais o foco desse universo. Aliás, é justamente dessa última que surge a mais nova aposta do Disney+: The Bad Batch. Estrelada pela Força Clone 99, a nova série comandada por Dave Filoni explora novos caminhos nessa galáxia distante.
A ideia é mostrar as consequências da famigerada Ordem 66 pelo ponto de vista do grupo formado por Hunter, Wrecker, Tech, Crosshair e Echo (todos dublados pelo sempre incrível Dee Bradley Baker). Os primeiros minutos do episódio inaugural, com uma duração alongada, estabelecem de uma maneira eficiente o clima de surpresa e medo instaurado pelo massacre de boa parte dos Jedi da galáxia. Para aqueles que nunca assistiram Clone Wars, The Bad Batch fornece uma boa explicação de sua premissa, assim como dos personagens principais. Com exceção de Echo – que passou por procedimentos cirúrgicos – os demais membros da equipe sofreram mutações que concederam habilidades especiais e os diferenciam dos demais clones.
Ao abandonar complexidades narrativas, Filoni pode preencher a tela com as famosas referências da saga enquanto lança um olhar intimista nas mudanças que ocorrem na galáxia. Por exemplo, no primeiro episódio temos a presença do Padawan Caleb Dume (Freddie Prinze Jr.), que anos depois será conhecido como Kanan Jarrus em Rebels. Além de outros rostos conhecidos pelos fãs. Enquanto isso, o espectador entende a conturbada transição da República para o Império ao mesmo tempo em que as sementes da Resistência começam a ser plantadas. Podemos discutir a qualidade das produções, mas é inegável o domínio que Filoni tem dessas histórias.
Ao manter a mesma estética de sua predecessora, The Bad Batch resolve apostar numa escolha segura. O público consegue estabelecer uma rápida conexão e a animação ganha bastante em fluidez, especialmente nas cenas de ação. Contudo, isso carrega o mesmo problema presente em Clone Wars. As feições de alguns personagens são bastante irregulares, com um design que não acompanha o que está em tela. Aqui, essa inconstância está presente em Omega (Michelle Ang), tornando suas cenas um tanto quanto incômodas. Se levarmos em conta que ela deve acompanhar os personagens principais, isso pode ser uma complicação para o restante da temporada.
Apesar de um queda de qualidade narrativa no segundo episódio, The Bad Batch mantém o brilho das últimas animações de Star Wars. Os personagens principais são cativantes e a trama aborda um período interessante na cronologia da saga. Com os problemas da última trilogia cinematográfica, fica ainda mais claro que o universo fora da grande tela é muito mais interessante.