Hellraiser – Renascido do Inferno | Review

“Eu vi o futuro do terror, seu nome é Clive Barker” – Stephen King

Que Hellraiser é uma história obrigatória para fãs do gênero terror, isso nós já sabemos! O que não entendiamos era porque essa icônica obra escrita em 1986 nunca chegou ao Brasil. Mas a editora DarkSide Books corrigiu esse erro e trouxe até nós uma edição de luxo do romance de Barker, com ilustrações caprichadas, capa de couro e um detalhe em dourado simulando a Configuração do Lamento. Uma obra obrigatória para qualquer fã.

Sinopse

“Sentada sobre uma pilha de cabeças apodrecidas, ela sorriu dando a ele as boas vindas”

Frank Cotton é uma figura amoral que embarca em uma viagem hedonista buscando para si as mais variadas formas de prazeres carnais. Até que simplesmente nada mais lhe satisfazia. Frank ouviu falar de um artefato mágico capaz de trazer prazeres inimagináveis, é a caixa de LeMarchand. Aqui tem início a obra, com Frank realizando o ritual e tentando desvendar o quebra-cabeça que é a Configuração de LeMarchand. O que Frank não sabia é que a caixa é um portal para uma dimensão governada pelos Teólogos da Ordem de Gash, conhecidos também por Cenobitas, seres abomináveis que vivem em um estado de dor e prazer constantes.

cenobiteCenobitas em sua versão cinematográfica.

Chegando nessa dimensão, Frank percebe que o que é prazer para os Cenobitas, não é o mesmo para nós humanos. Mas aí já tarde demais para voltar.

Após inúmeras torturas sofridas nessa dimensão distorcida, Frank consegue fugir do julgo dos Cenobitas voltando como um ser renascido do inferno, precisando se alimentar de humanos para fugir da antiga casa de família onde agora vive seu irmão Rory e a esposa Júlia. Não mais entrarei em detalhes da trama para não estragar a experiência.

Análise

“Não havia prazer no ar; ou pelo menos, não como a humanidade o entendia.”

Hellraiser, não é um livro indicado para pessoas de estômago fraco. Aqui encontramos o melhor da escrita de Clive Barker, perversões sexuais, palavras de baixo calão e sangue, muito sangue.

O livro mistura um horror psicológico com bastante escatologia advinda dos gostos pessoais do autor, é possível encontrar sadomasoquismo, tortura e muito sangue em todas as obras de BarkerHellraiser não se distancia em nada disso, mas aqui temos a sensação claustrofóbica de sentir a presença de Frank no cômodo superior da casa, eu particularmente, me senti bastante incomodado durante a narrativa dessas cenas. Baker criou um clímax que deixa o leitor preso nesse horror psicológico ao descrever as agruras de Frank e Júlia em sua sina por matar.

A escrita de Barker é sublime, os personagens tem profundidade o que leva o leitor a ter empatia com as figuras descritas no livro se envolvendo em seus delírios e seus sofrimentos. A obra é subdivididas em capítulos cada qual contendo uma profana ilustração de alta qualidade nos presenteada pela DarkSide Books. O livro possui 160 páginas e uma ótima tradução.

O romance é uma ótima pedida para aqueles que assistiram o clássico filme dos anos 80 e querem se aprofundar ainda mais na mitologia de Hellraiser. A obra é uma fábula sobre o amor, ainda que seja distorcido. Acho que Barker quis mostrar como um sentimento belo e puro pode vir a ser maculado pela maldade. É literalmente uma viagem ao inferno de Clive Barker. Um clássico. Sem mais.

(…) seu erro de verdade tinha sido a ingenuidade de acreditar que a sua definição de prazer era a mesma da dos Cenobitas.