Crítica | Sherlock e os Aventureiros: O Mistério dos Planos Roubados (AVEC Editora)

Lançamento da AVEC Editora, “Sherlock e os Aventureiros: O Mistério dos Planos Roubados” oferece uma e atraente versão do detetive mais famoso do mundo, dessa vez na condição de aprendiz

Criado por Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes é certamente o personagem mais conhecido quando tratamos de histórias de detetive. Nas páginas do autor desde 1887, o personagem angariou notoriedade ao desvendar crimes e outros mistérios lançando mão da ciência e da dedução, fugindo assim de meios fáceis para resolução dos problemas. Eis um verdadeiro ícone britânico.

Mesmo com diversas publicações, traduções e edições, essa fama acabou indo além das escritas originais de Conan Doyle. Hoje, Sherlock Holmes é inspiração para tantos outros produtos em diversas plataformas como quadrinhos, séries, jogos, filmes e meme na internet (“temos um Xeroque Rolmes aqui”). Tendo isso em mente, podemos afirmar que é um grande desafio tratar desse personagem atualmente, dando uma abordagem que não pareça repetida e desinteressante. Justamente por que muito já foi destrinchado.

Mora aí o primeiro mérito de Sherlock e os Aventureiros: O Mistério dos Planos Roubados, lançamento da AVEC Editora escrito por A. Z. Cordenonsi (das séries steampunk Le Chevalier e Guanabara Real). Sua leitura é direcionada para a infância e adolescência do icônico personagem, onde presenciamos sua incrível habilidade para resolver problemas, mas também para criá-los (e tirar importantes lições nesse processo). A inspiração para essa aventura foi O Enigma da Pirâmide, filme de 1985 produzido por Steven Spielberg. Além disso, há o fato de que as histórias do próprio Conan Doyle não exploraram essa época da vida de Holmes.

Mas o que há de novo nisso?

Desse modo, a camada steampunk se torna o segundo trunfo de A. Z. Cordenonsi em Sherlock e os Aventureiros. O autor aplica aqui seus atributos para lidar com as questões retrofuturistas e insere na trama personagens icônicos da história e aparatos tecnológicos não existentes (mas talvez possíveis) para a época. Em O Mistério dos Planos Roubados isso se resume na figura de Nikola Tesla, uma criança com grande capacidade inventiva que tem seu trabalho furtado por um misterioso e execrável vilão, membro da Companhia do Grande Oeste.

Outro ponto agradável aqui é a ambientação. A Londres habitada aqui está bastante crível, desde sua miséria e odor e rinhas de galo (algo bem retratado na perspectiva de Irene Lupin, ótima personagem e filha da criação de Maurice Leblanc) até suas dimensões geográficas. A narrativa é bem fluída, possibilitando a leitura completa logo no primeiro dia. O intuito aparente aqui é, além de apresentar uma nova leitura para personagens conhecidos, estabelecer uma equipe formada por jovens marginalizados pelos adultos. Nesse sentido, a missão de Cordenonsi foi concluída com sucesso.

Sendo assim, Sherlock e os Aventureiros: O Mistério dos Planos Roubados se faz interessante tanto para os fãs do detetive quanto para aqueles que pouco consumiram da obra de Conan Doyle. E já podemos conjecturar sobre quais outros gênios adolescentes esperar nos próximos volumes da saga.

Ficha Técnica

FORMATO

14×21 cm

128 páginas

Papel: Lux cream 70g

Capa:Supremo cartão 250g Prolan fosco

CATEGORIA

Policial

Steampunk

Fantasia urbana

Sherlock Holmes

PÚBLICO / IDADE

Jovens adultos/Adultos