A. Z. Cordenonsi traz mais uma grande obra de steampunk nacional. Nos apresentando seu “Cavaleiro”, ele cria um universo de espionagem no coração de uma Europa que ferve e pulsa por meio de ignições, cristais de quartzo e toda a sorte de aparatos tecnológicos.
No livro, a França está em polvorosa por ser sede de mais uma edição da renomada Exposição Universal. O evento reúne a maiores potências mundiais para exibirem e compartilharem de seus acervos tecnológicos e culturais. É a grande chance de Napoleão III cravar seu império como o mais poderoso e influente de um continente tomado por guerras recentes. E claro que muitas pessoas não querem que isso ocorra.
Um misterioso assassinato tira o sono da polícia local e coloca tudo a perder. Para que a imagem do país não seja manchada, é necessário que Le Chevalier e seu fiel e carrancudo parceiro Persa entrem em ação e descubram a causa de tudo antes que seja tarde demais.
Cordenonsi manda muito bem na construção da história. Sendo extremamente preciso em cada detalhe das máquinas que compõem o cenário, assim como o estilo steampunk exige, ele não deixa que a trama crie uma “barriga”. Assim tudo é cercado de adrenalina, até mesmo nos momentos de investigação. Em várias partes senti que estivesse em um filme do 007 ou do Sherlock Holmes. Talvez uma fusão dos dois.
Misturar ficção com personalidades reais também é um ponto positivo. Ler o nome do grande Verne em várias citações é realmente fascinante. Mas admito que senti falta de um carisma maior dos personagens principais. A constante lembrança de um fracasso recente do “Cavaleiro” ajuda a criar um ar de mistério, mas ainda assim é pouco.
Persa e Juliette possui um ponto a mais de carisma que até rende momentos engraçados, mas você sente que falta um charme a mais. Não que os personagens não sejam interessantes, au contraire (aprendi até francês durante a leitura). Mas são alguns ajustes que provavelmente serão aplicados nas próximas histórias de Le Chevalier. Ponto negativo também para a revisão da versão digital, que deixou alguns erros passarem. Mas nada que diminua sua vontade de devorar o livro o mais rápido possível.
A obra também tem um outro ponto fascinante: a crítica social. É de praxe no steampunk que exista uma certa disparidade entre as classes. Aqui ela fica evidente na figura dos Drozdes. Parecem animais robóticos vistos de longe, mas carregam traços da personalidade e condições financeiras de seus donos. Eles estão tão inseridos no dia a dia da sociedade, que quem não os possui é taxado imediatamente como selvagem. Fiquem de olhos atentos, pois é um dos grandes temas abordados no livro.
Le Chevalier é uma leitura rápida e deliciosa. Daquelas que te fisgam na primeira linha e você nem percebe. E para aqueles que acham que a literatura steampunk nacional está na inércia, posso afirmar que os motores estão ligados e vibrando. Tem muito material de qualidade por aí e esse é definitivamente um deles.
Le Chevalier e a Exposição Universal foi gentilmente cedido pelo pessoal super bacana da Editora Avec. Se você quiser conhecer mais do trabalho dos caras e adquirir seu exemplar, basta CLICAR AQUI. Ah! Fiquem ligados no nosso site, porque em breve Le Chevalier vai render uma grande surpresa 😉