Crítica | Gatilho

Quadrinho roteirizado por Carlos Estefan e magistralmente ilustrado por Pedro Mauro, Gatilho é uma baita homenagem ao gênero Faroeste.

Seguindo as comemorações da semana do quadrinho nacional, hoje quero trazer uma HQ que peguei tardiamente que é Gatilho. Em compensação, na CCXP de 2018, fui na mesa dos autores e adquiri logo os dois volumes, dessa que será uma trilogia. O segundo volume, intitulado Legado, vocês saberão minhas impressões em breve.

Em Gatilho, somos apresentados a um Caçador de Recompensas que esta em busca de algo maior que dinheiro ou vingança: ele busca por Justiça. Esse é o momento onde somos jogados em uma viagem no tempo, onde o dono de um Saloon e sua esposa são colocados no meio de vórtice de violência, pólvora e fumaça. No entanto, tudo é perdido, inclusive a sanidade.

Eu sempre fui muito fã do gênero de Faroeste quando ainda moleque, vendo pela primeira vez Três Homens em Conflito (O Bom, o Mau e o Feio) com aquele trio desfuncional, o clima árido, seco e sem esperanças protagonizado pelo homem sem nome. Fui correndo na locadora buscar mais desse filmes. Conheci assim os filmes Western Spaghetti em obras como O dólar Furado, Django, Vingança Cega e a Trilogia do Dólar onde vi Clint Eastwood dar vida ao herói desses filmes.

Em Gatilho, a sensação que tive foi estar de volta a esse universo, naquela aridez das películas de Sergio Leone. Mas tenho que dizer que a HQ, que sabe muito bem jogar com os signos desse universo, nos apresenta uma reviravolta fantástica.

Enquanto o leitor está fisgado e prestando a atenção no cano da Colt, apontada e fumegante, acaba por ser desviado e não observa as entrelinhas e deixa de olhar para o dedo no gatilho, sem nem perceber que a bala vem de outro lugar.

Além disso, Carlos Estefan mostra uma baita fluidez em sua escrita, envolvendo o leitor em sua narrativa e nos deixando crer que a historia é uma aventura no Oeste seco, mas a secura e perda vem da alma dos homens.

Por sua vez, Pedro Mauro agrega e se faz presente como um incrível contador de historias no visual. Sua arte é unica, digna dos melhores artistas italianos que trabalham para Bonelli, com um trabalho artístico impecável.

Sendo assim, Gatilho mostra como o gênero faroeste pode trazer narrativas poderosas, trazendo assim o resgate que tanto precisamos. É uma HQ incrível que nos enche de orgulho em saber como o berço de quadrinistas brasileiros é rico e cheio de novas histórias. Que os baús não se encham de poeira e que esses contos sejam apresentados para leitores vorazes!