Neil Gaiman nasceu em 10 de novembro de 1960, em Porcherster (uma espécie de subúrbio na Inglaterra). A criança Neil sonhava em ser escritora, e o jovem iniciou sua vida na escrita como jornalista e crítico, vendendo todo tipo de material escrito para quem aceitasse, construindo, com isso, uma sólida base de conexões profissionais (o homi sempre teve contatos top de linha) e credenciais. Ele também fazia entrevistas, sendo essa a sua maior fonte para obter ligações nos meios artísticos, fazendo amizade com astros que começavam a despontar na época (começo dos anos de 1980), como Alan Moore, além de outros já populares, como Arthur C.Clarke e Douglas Adams.
Gaiman teve seu primeiro conto profissional vendido em 1984 para a revista de Dugeons and Dragons. Ainda no mesmo ano, ele escreveu seu primeiro livro, Duran Duran: The first fours years of the Fab Five, sobre, surpresa surpresa!, a banda Duran Duran (Neil adora um livro sobre a vida dos outros, principalmente se for recheado de trívias). Durante um bom tempo, ele ficou mais no âmbito da não ficção, e isso só mudaria em 1988 – mas já falamos sobre isso.
Porém, Gaiman era ambicioso e, inspirado em seu amigão Alan Moore, se jogou de cabeça nesse univero de quadrinhos, caindo sentadinho na janelinha. Ele começou lançando quatro obras pequenas (1986-87) para uma série da revista Future Shocks, que era uma revista semanal de ficção científica bem popular. Após a sua estreia satisfatória, o autor juntou-se ao amigo Dave McKean e lançou a sua primeira graphic novel original: Violent Cases (1987), a primeira de uma “trilogia”. E, claro, em 1988 nasceu o queridinho mundial The Sandman, que, apesar de ter vendido bem em suas encadernações originais (75 números + especial), estremeceram as bases do mundo dos quadrinhos apenas quando organizaram a história em 10 coleções distintas, começando com Prelúdios e Noturnos (1991).
Foi em meados de 1990 que Neil Gaiman finalmente abraçou sua era romancista e, unindo-se a Terry Pratchett, lançou Good Omens: Belas maldições, que ele descreve como um “romance divertido sobre o fim do mundo e como vamos todos morrer“. Com essa obra, ele quebrou um pouco o paradigma de que não se pode ser romancista e quadrinista ao mesmo tempo, pois haviam certos desprezos mútuos na indústria que, ouso dizer, perduram. Nem preciso dizer, o livro foi e ainda é sucesso mundial. Em 1991, o autor deu seu primeiro passo dentro da literatura infantil, um antigo sonho, lançando Winters Tale. Sobre a literatura infantil, Neil Gaiman diz que não é muito bom nisso – mesmo que ele tenha atingido sucesso mundial com Coraline e possua diversos outros livros maravilhosos escritos para os pequenos. Neil só lançou o seu primeiro romance solo em 1997, que ele considera como sendo o seu primeiro geral, o maravilhoso Lugar Nenhum. A verdade é que essa história deveria ter sido uma série de televisão para a BBC, e o autor até começou a trabalhar nos roteiros. Entretanto, logo se desencantou com o mundo da televisão por conta da falta de liberdade criativa. Em uma entrevista, ele disse que não gostou do que a série estava se tornando. Porém, ele seguiu com a BBC e juntos lançaram um audiodrama do livro (2016), com um excelente elenco de voz.
Neil nunca fechou as portas para outras mídias, e, em 2007, tivemos o prazer de conhecer o filme de Stardurst, baseado no romance de mesmo nome, que foi lançado em 1997 com artes de Charles Vess. O elenco contou com nomes de peso, como Michelle Pfeiffer e Robert de Niro; na época, não conhecíamos Charlie Cox, que faz o protagonista, nem Henry Cavill, mas hoje em dia já podemos abençoar um filme que tem uma cena de luta entre o Demolidor e o Homem de Aço. Agora, só podemos pedir para a Marvel e a DC se unirem na empreitada de permitir uma revanche.
Atualmente, temos o prazer de ver mais obras de Neil Gaiman nas telonas, como Good Omens (2019), disponível na Prime Video; Coraline (2009); o fiasco que foi Deuses Americanos (2017) e, para o nosso deleite completo, The Sandman (2022), da Netflix, que saiu ainda agorinha do forno e se tornou a série número 1 da plataforma durante um bom tempo, e ainda figura nos 10 mais assistidos.
Vale a pena dizer que Neil Gaiman não ficou preso a apenas uma forma de mídia, abraçando não só o lado autor de quadrinhos e romances, como o de roteirista e corroteirista em trabalhos como roteiro de dublagem da versão estadunidense de Princesa Mononoke (1999), da série de TV Babylon 5 (1998) e de Beowulf (2007); foi diretor em um filme concebido por ele chamado A short film about John Bolton, que é apenas inspirado no ilustrador John Bolton; lançou um “guia de viagem” em colaboração com outros artistas sobre um local que não existe, entre outros inúmeros trabalhos. Inclusive, vocês já ouviram as músicas dele com elezinho cantando? Não? Procurem! O que vier, ele tá topando (ou estava).
10 curiosidades sobre Neil Gaiman e suas obras
- Após lançar Sandman #6 (na série da Netflix, é o episódio 5: Sem parar), no qual um grupo de pessoas é torturado até a morte num período de 24 horas, muitos leitores disseram a Gaiman que pararam de comprar o quadrinho após lerem esse volume e só voltaram anos depois, quando souberam que era “seguro” voltar;
- A casa de bonecas teria esse nome por ser uma referência à peça de Henrik Ibse, Uma casa de bonecas, cuja protagonista percebe que viveu para completar o retrato de lar perfeito criado pelo pai e, depois, pelo marido – tal qual uma boneca em uma casa de bonecas;
- O corvo Matthew, companheiro de Morpheus em The Sandman, é um antigo personagem de O monstro do pântano, Matt Cable;
- Após o lançamento do livro Os caçadores de sonhos, muitas pessoas acreditaram se tratar de uma releitura que levava elementos de fábulas chinesas, tendo sido escrito no século XVII, mas publicado somente no século XVIII;
- A graphic novel Sinal e Ruído foi adaptada, em 1999, para os palcos como uma criação coletiva de um grupo de teatro e do Comic Book Legal Defense Fund;
- Neil Gaiman chegou a escrever um ensaio chamado “Notas sobre uma teologia vegetal” sobre o universo vegetal da DC depois de lançar Orquídea Negra;
- Por muito tempo, Gaiman tretou com Todd McFarlane por causa dos direitos da HQ de Miracleman. No fim, McFarlane cedeu os direitos para Mick Anglo, que no mesmo ano vendeu para a Marvel, que prometeu, em 2013, que Neil Gaiman voltaria para terminar o que começou;
- Em 2006, Neil Gaiman foi convidado pela Marvel Comics para revitalizar personagens criados por Jack Kirby: os Eternos. Óbvio que ele aceitou;
- A história de Stardust nasceu quando o autor, em uma festa na casa de um amigo no deserto, viu uma estrela cadente;
- O nome Coraline foi um erro de digitação.