Jujutsu Kaisen é um dos mangás que têm sido bom em acompanhar nos últimos tempos. Lançado em 2018 pela Weekly Shonen Jump, a obra de Gege Akutami tem obtido bons números em vendas no Japão e no mundo, alcançando os incríveis 2,5 milhões de volumes impressos no final de 2019, e já chegando aos 4 milhões em abril deste ano:
It’s time to update circulation numbers! We have had changes for a lot of series during these first months. Let’s see how they keep growing during the rest of 2020! pic.twitter.com/ZSkf48ASLL
— Weekly Shonen Jump (@WSJ_manga) April 1, 2020
E com a sua adaptação para anime chegando não seria uma surpresa que o mangá de Akutami alcançasse ao patamar que Kimetsu no Yaiba chegou – de ser considerado uma das melhores adaptações de 2019 (por mim, e por muitos) e ser um sucesso de vendas e público.
A história é sobre Yuuji Itadori, um jovem estudante do colegial que possui um grande talento para esportes, mas prefere entrar para o Clube de Pesquisa Oculta. Até que ele acaba sendo envolvido no mundo dos Shamans, se tornando o hospedeiro de um dos maiores feiticeiros do Japão.
Logo nas primeiras páginas, somos apresentados ao quesito sobrenatural que a série de Akutami vai abordar no mangá: as maldições x os feiticeiros. Itadori é um personagem que vai nos ganhando aos poucos. É um cara alegre e aberto ao aprendizado, sem ser arrogante. E quando ele [Itadori] conhece Megumi Fushiguro – um jovem aprendiz/estudante da escola de magia de Tóquio, que possui a habilidade de invocação de espíritos na forma animal, visualizamos o perigo e a misticidade por trás das maldições e como estas influenciam nas vidas das pessoas.
O mangá de Jujutsu trabalha com a questão das mortes ou desaparecimentos de causas misteriosas que acontecem no Japão, que chegam até dez mil por ano. Com base nisso, nascem as maldições – aparições físicas/mágicas dos sentimentos negativos dos humanos: dor, cobiça e doenças também estão envolvidas. Fushigoro é porta de entrada para Itadori entrar nesse mundo fantástico e real.
Mas por que Fushigoro aparece para Itadori? Os membros do grupo de pesquisa oculta da escola de Itadori conseguiram um item muito valioso – e amaldiçoado – que é um dos dedos de um antigo e poderoso feiticeiro: Sukuna. E este item age como um chamativo para diversas maldições.
E é a partir disso que temos o desenrolar no primeiro capítulo, e a entrada de Yuji na escola de magia de Tóquio. Lá, conhecemos diversos personagens que são importantes tanto para o desenvolvimento da história e, consequentemente, de Itadori.
Jujutsu Kaisen é uma das aquelas obras que tem se mostrado competente no que se propõe. E isso, talvez seja da base de referências que o autor abraça: Hunter x Hunter, de Yoshihiro Togashi; Bleach, de Tite Kubo e um pouco de Tokyo Ghoul, de Sui Ishida – além de outras obras.
Bem, a série me ganha não somente por sua aura shonen de lutinhas, mas pelos seus personagens. Estes são legais, interessantes, carismáticos e com camadas, que, aos poucos, vão sendo descascadas. A utilização e construção dos personagens com as amizades, alianças, missões e vindouros aprendizados, tornam os arcos instigantes e conta uma história que permeia o personagem principal da série. Isso é bom, pois não é que perde-se o foco em contar a história, mas conhecemos melhor todo o ambiente em que os personagens principais à trama estão envolvidos.
Outra coisa importante aqui são as habilidades dos feiticeiros. A série possui uma dinâmica de poderes que lembra bastante a que o mestre Togashi se utiliza em sua obra máxima supracitada. O jogo de detalhes, restrições e complexidades com que as habilidades vão sendo desenvolvidas, trazem um ar muito interessante em como os personagens vão se utilizar de suas inteligências para sair de diversas situações. Ver determinados personagens pensarem sobre algo e ter aquele pensamento subvertido é um dos pontos que mais me agrada em leituras.
Outra coisa interessante é a quadrinização, o estilo de desenho do autor. Akutami trabalha os detalhes que destacam os personagens e suas habilidades durante os combates, trazendo uma boa ambientação.
As lutas, os temas abordados sobre humanidade e mentalidade – de não ser tudo branco e preto – mostram como este mangá, caso tenha uma boa adaptação que nem a de Kimetsu no Yaiba, Jujutsu Kaisen pode (ou deve) ser outro anime que vai conquistar bastante o público que não o conheça, ainda.
De acordo com algumas informações, o estúdio MAPPA que produziu diversos animes como Yuri on Ice (2016), Inuyashiki (2017), Banana Fish (2018), Dororo (2019), Sarazanmai (2019), To the Abandoned Sacred Beasts (2019) e muitos outros, está na produção – o que é um bom sinal.
Atualmente, Jujutsu Kaisen está com 10 volumes publicados no Japão e mais de 100 capítulos para serem lidos e apreciados. A editora Panini já divulgou que a série está em sua lista para lançamentos em 2020 – confira aqui.