Em 2011, tivemos o desprazer de ler a notícia de que a autora britânica Diana Wynne Jones havia falecido. Para quem não sabe, ela é mãe da coleção Os mundos de Crestomanci e do conhecido O castelo animado (graças ao excelente filme dirigido por Hayao Miyazaki), com um dos ships mais fortes da internet, protagonizado por Sophie e Howl.
A coleção de Crestomanci tem apenas 5 dos 7 livros traduzidos para o português, lançada pela editora Geração. E até o presente momento, não ouvi falar de relançamento ou continuação da série, infelizmente.
Quem é Crestomanci?
Crestomanci é um título, passado de geração em geração entre os magos mais poderosos de TODOS os universos. Somente pode se tornar um Crestomanci aquele que possui mais de uma vida. Como assim? Teoricamente, em cada mundo temos uma versão nossa, e por isso temos somente uma vida, porém, com algumas raras pessoas, isso não acontece e, ao invés de ter várias versões suas, essas vidas se condensam em uma só e criam uma pessoa com muitas vidas e uma aptidão incrível para magia!
E o que esse mago faz? Bem, Crestomanci é uma espécie de agente da lei, monitorando os mundos com a ajuda de uma equipe competente e garantindo que a magia esteja sendo bem utilizada para que o mal não prevaleça.
Mas a história é boa?
Cada livro possui protagonistas diferentes. O primeiro livro da saga, Vida Encantada (lançado em 1977), conta a história de Gato (Eric) e sua irmã Gwendolen, uma garota extremamente bem versada nas artes mágicas e mimada por causa disso. Crestomanci os acolhe para poder treiná-los, mas Gwendolen se acha mais merecedora do que realmente é e, ao não receber as atenções que deseja, começa a aprontar de tal forma, que o mago se vê obrigado a retirar a sua magia como forma de castigo. É quando ela subitamente desaparece, deixando para trás uma confusão terrível ao trocar de lugar com uma de suas “sobressalentes” de outro mundo e sobra para o pobre Gato dar um jeito de resolver antes que Crestomanci descubra.
As histórias são bem divertidas, com tramas complexas, personagens carismáticos e bem montados, de maneira que possamos torcer ou não por eles. Todos os livros são bem curtos, então a leitura é rápida e muito gostosa, com uma história bem amarrada e com muita, mas muita confusão e magia.
A narrativa
Uma das minhas coisas favoritas em Diana é o seu humor britânico. Assim como Terry Pratchett, Diana constrói uma narrativa bem amarrada, montada em um humor único e sarcástico para fazer críticas sociais, além de adorar uma paródia literária – por exemplo, em Os magos de Caprona, terceiro livro da série Crestomanci, ela claramente parodia o clássico Romeu e Julieta de Shakespeare, mas de uma forma inovadora e única. Ela também adorava situações absurdas e era muito inventiva ao criá-las.
Diana publicou por volta de 40 livros, e foi aluna de Tolkien e C.S. Lewis. Apesar de ter bebido diretamente da fonte de duas das maiores potências da fantasia, Diana foi plenamente capaz de estabelecer não somente o próprio ritmo literário, como consagrou o respectivo universo com seu característico estilo narrativo. E se isso não te convence a ir procurar imediatamente sebos atrás dessas preciosidades, então, meu querido nerd/minha querida nerd, você precisa repensar suas origens.
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