“Pokémon Go da natureza” usa realidade aumentada para levar a vida selvagem para a cidade

Aplicativo faz parte da estratégia de salvar os animais de extinção. Safari Central traz personagens baseados em animais reais em parceria com no Brasil, onde o escolhido foi a onça pintada, animal em extinção no país

Criado pela startup queniana Internet of Elephants, o jogo Safari Central será lançado oficialmente em agosto de 2018, mas uma versão piloto estará disponível a partir do dia 21 deste mês. Na primeira versão, a realidade aumentada está sendo utilizada para que os usuários possam tirar fotos com seis animais selvagens baseados em informações reais. No ano que vem, novos animais e funcionalidades serão acrescentados de acordo com a reação do público, transformando o app em um verdadeiro Pokémon Go da natureza, em que as pessoas poderão encontrar os animais pelas cidades.

No piloto do dia 21/08, um elefante, uma rinoceronte, uma lêmure, um pangolim e um urso-cinzento estarão ao lado de Atiaia, uma das onças-pintadas monitoradas pelo Pró-Carnívoros com o apoio do WWF-Brasil no Parque Nacional de Foz do Iguaçu, no Paraná. Os movimentos da Atiaia foram captados por câmeras escondidas na mata e serviram para criar uma versão realista do animal no aplicativo. Com dados sobre a disposição geográfica, tamanho e hábitos da onça e dos outros animais, os desenvolvedores da Internet of Elephants criaram uma versão digital de cada bicho, que agem como se estivessem em seu habitat natural, rugindo, caminhando, etc.

“A Mata Atlântica corre o risco de perder o seu principal predador – a onça pintada. Falta apenas 1% dessa espécie e precisamos protegê-la com urgência. A Mata Atlântica é considerada um dos principais biomas do mundo, com 148 milhões de pessoas e 20 mil espécies de árvores e arbustos. Apesar de ser altamente ameaçada, tem uma biodiversidade única, por isso é fundamental abraçar sua proteção e que maneira melhor de fazer isso que aumentar a conscientização de uma maneira divertida e atraente!”, comenta Maurício Voivodic, Diretor Executivo do WWF- Brasil.

O objetivo do Safari Central é transformar a horda de mais de 2 bilhões de jogadores no mundo em ativistas ambientais. Para isso, será lançado junto com a primeira versão do app, no dia 21, um concurso de fotos que premiará a melhor fotografia tirada com o app com um safari de sete dias pelo Quênia para duas pessoas. Desafios semanais também darão prêmios menores, como pôsteres dos animais, assinados por fotógrafos e artistas de cada país – Brasil, Quênia, Madagascar, Estados Unidos e deserto do Kalahari, na África.

O jogo completo do Safari Central, programado para lançamento em 2018, contará com dados GPS dos movimentos reais de cada animal em todo o seu território – uma onça que patrulha a floresta brasileira, talvez, ou um elefante que navega na savana do Quênia – sobrepostas em cidades do mundo. Os jogadores seguem e tentam detectar as versões virtuais dos animais, conhecendo informações sobre seu comportamento que vão lhes dando vantagens táticas.

Antes que o jogo completo chegue às lojas de aplicativos no ano que vem, neste ano as pessoas terão acesso à versão piloto, com uma pré-visualização dos animais e uma competição de fotos. A participação é gratuita, mas o aplicativo oferece oportunidades para fazer micro pagamentos que se acumularão e irão para cada uma das seis organizações de conservação parceria da Internet de Elephants: Chicago Zoological Society no Brookfield Zoo, Conservation International, Ol Pejeta Conservancy, Space for Giants, Tswalu Fundação e Instituto Pró-Carnívoros.

“Em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais conectadas via redes sociais, a ideia de dispersar conhecimento e chamar a atenção para a conservação e preservação da biodiversidade mundial através de um jogo lúdico é sensacional. Este aplicativo permitirá que pessoas de todos os cantos do mundo se engajem com as questões ambientais e contribuam para o bem do planeta”, comenta Ricardo Boulhosa, vice-presidente do Instituto Pró-Carnívoros.

História dos animais

Atiaia – onça-pintada do Brasil (Pró-Carnívoros + WWF-Brasil)
Atiaia é uma palavra guarani que significa “aquele que traz luz”. Ela é uma das poucas onças restantes no Parque Nacional do Iguaçu, um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica no Brasil. Atiaia acabou de ganhar um filhote e é a estrela local, chamando a atenção do público através de imagens de câmeras escondidas, que os cientistas do Pró-Carnívoros usam para entender seu comportamento.

“A Atiaia é uma onça-pintada muito calma, boa mãe e muito cuidadosa com os seus filhotes”, diz Ricardo Boulhosa, vice-presidente do Instituto Pró-Carnívoros. As onças-pintadas ficam com seus filhotes aproximadamente até completarem dois anos, ensinando-os a caçar e a sobreviver sozinhos. Ela não se assusta com a presença dos turistas, que ficam bastante encantados quando conseguem avistá-la. As onças-pintadas não miam como a maioria dos felinos, elas emitem uma série de roncos muito fortes, que são chamados de “esturros”.

A principal ameaça à Atiaia e as demais onças-pintadas é a caça furtiva e a perda de seu habitat. A espécie ocupa o topo da cadeia alimentar e sua dieta consiste de veados, porcos-do-mato e outros vertebrados. Dessa forma, preservando o seu habitat, a onça-pintada fica protegida e o equilíbrio ecológico mantido.

Mweturia – elefante do Quênia (Space for Giants)

O Mweturia é um gigante de 40 anos que vive no centro do Quênia e é famoso por romper cercas que o Space for Giants ergueu para proteger os campos dos agricultores de suas “invasões de culturas”.

Lola – rinoceronte do Quênia (Ol Pejeta)
A rinoceronte preta, Lola, ficou órfã e foi resgatada por guardas da Ol Pejeta até que foi solta na vida selvagem há apenas um ano.

Beby Indri – lêmure de Madagascar (Conservation International)

Beby Indri vive em Madagascar, um dos ecossistemas mais ameaçados do mundo, onde a Conservation International está trabalhando no ensino de crianças sobre como erradicar armadilhas de lêmures.

Rockstar – pangolim do deserto do Kalahari, na África (Tswalu)

Rockstar, o pangolim de Temminck, tem um nome que desmente sua natureza tímida. Os pangolins são os animais mais traficados do mundo e a fundação Tswalu proporciona um refúgio seguro para eles no deserto do Kalahari.

Etil – urso-cinzento dos Estados Unidos (Chicago Zoological Society)

Etil é uma ursa-cinzenta raramente vista, mas seus dados de GPS mostram que ela percorreu milhares de quilômetros nos EUA, onde a Chicago Zoological Society executa programas para expandir o espaço que ela tem para vagar.

Parceiros
O WWF-Brazil é uma ONG brasileira integrante da rede WWF, presente em mais de 100 países no mundo. Com o apoio de diversos parceiros locais, atua para conservar a natureza no contexto socioeconômico brasileiro. Junto com o Instituto Pró-Carnívoros, atua no Parque Nacional do Iguaçu, conservando os remanescentes de Mata Atlântica para a sobrevivência da onça-pintada, espécie ameaçada de extinção. O Instituto Pró-Carnívoros é uma associação civil, de direito privado, não governamental e sem fins lucrativos. Com mais de 20 anos desenvolvendo pesquisas científicas nos biomas brasileiros, sua missão é promover a conservação dos mamíferos carnívoros neotropicais e seus habitats.

A Space for Giants trabalha no Quênia, no Gabão, no Botsuana e no Uganda para proteger os elefantes africanos de ameaças imediatas como a caça furtiva enquanto trabalha para proteger seus habitats em paisagens que enfrentam pressões crescentes.

A Chicago Zoological Society opera no zoológico de Brookfield e tem como missão inspirar liderança de conservação conectando pessoas com vida selvagem e natureza.

A Ol Pejeta Conservancy é uma organização focada na conservação da vida selvagem em uma área de mais de 300 km² no Quênia. É o maior santuário de rinocerontes pretos no leste da África, abrigando também os últimos três rinocerontes brancos do norte do planeta e sendo o único lugar do Quênia em que ainda se veem chimpanzés. A Ol Pejeta também integra gado com vida selvagem – tanto como meio de ganhar receita para conservação, quanto como ferramenta de gerenciamento de pastagens.

A Tswalu Foundation foi criada em 2008 como resultado do pensamento avançado de Jonathan Oppenheimer e seu amor e interesse no deserto africano do Kalahari. Sua visão para a Fundação é desenvolver uma plataforma sobre a qual os visitantes locais e internacionais possam contribuir e se envolverem na pesquisa comunitária e ambiental na reserva.

A Conservation International (CI) usa ciência, política e parcerias para proteger a natureza. Fundada em 1987, trabalha em mais de 30 países para garantir um planeta saudável e próspero apoie a todos.

Mais informações
www.safaricentralgame.com
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