Robinson Crusoe: Adventures on the Cursed Island | Crítica

O tema de sobrevivência permeia a cultura pop, existem diversos jogos, filmes e séries que tratam do assunto e é sempre algo que esteve intrínseco na alma do ser humano. Robinson Crusoe – Adventures on the Cursed Island é um boardgame que consegue trazer muito bem esse sentimento para a mesa de jogo.

Robinson Crusoe é um jogo cooperativo de gerenciamento de recursos e alocação de trabalhadores. A ideia principal é que os jogadores estão tentando sobreviver em uma ilha misteriosa. O jogo vem com 5 missões diferentes, cada uma com um objetivo final específico mas totalmente modulares, dificilmente uma experiência vai ser igual a outra, mesmo jogando a mesma missão. Existe missões de sobrevivência, resgate, exorcismo e até com um King Kong.

Ele não é um jogo muito fácil de compreender no início, principalmente pelo enorme número de ações que podem ser realizadas e também pelo seu péssimo manual mal organizado. É um coop bem heavy e muito difícil, tudo no jogo trabalha para você perder e somente com prática e cooperação total o jogo poderá ser vencido.

Jogabilidade

Cada missão se passa em um número X de rodadas e o objetivo deve ser cumprindo antes que as rodadas acabem, ou antes que pelo menos um jogador morra ( o que é bem fácil de acontecer). Cada rodada se inicia com um problema a ser resolvido, pode ser uma casa que quebrou ou um animal selvagem rondando o acampamento. Depois disso, cada jogador tem duas ações para realizar dentre as opções do tabuleiro, essas duas ações podem ser colocadas no mesmo lugar ou separadas em locais diferentes. A mecânica principal do jogo funciona dessa forma: Se você colocar somente um marcador de ação, você vai fazer aquela ação com dificuldade. Serão jogados 3 dados e o jogador pode conseguir ou não realizar a ação, pode levar um dano enquanto realiza ou puxar uma carta de evento. O legal dessas cartas de evento é que elas geralmente dão algum problema ou benefício, mas essa carta vai ser embaralhada com outro baralho de eventos e depois ela pode voltar para te atormentar.

Dentre as ações que o jogador pode fazer estão explorar a ilha, coletar suprimentos, construir um teto ou itens, ou somente descansar. As ações devem ser escolhidas com muito cuidado e a cooperação é essencial, esse jogo é impossível de ser vencido se cada um jogar por si.

No final de cada rodada, os jogadores devem se alimentar e precisam ter um teto sobre suas cabeças se não vão levar danos. É aqui que o jogo começa a ficar complicado, pois toda comida e recursos que você coleta numa rodada só estarão disponíveis na próxima, então você sempre está se planejando para turnos futuros enquanto tenta sobreviver no atual.

Para ajudar nas missões, cada jogador possui uma especialidade que vai te ajudar em algumas tarefas. O Cozinheiro é melhor em coletar suprimentos e cura, o Explorador é melhor em explorar e enfrentar desafios, o Caçador é melhor em enfrentar os animais selvagens e o Construtor é melhor em construir itens. Os personagens usam suas habilidades gastando pontos de determinação que são ganhos caso a moral do grupo esteja alta. O problema é que quanto mais dano os personagens levam, menor vai ficar a moral da equipe. O legal é que cada personagem tem uma versão masculina e feminina que não muda as regras, somente a arte.

Análise

Robinson Crusoe é um jogo cretino de difícil. É realmente bem tenso e desesperador nas primeiras partidas e a cooperação aqui é essencial. Para quem gosta de desafios, é um prato cheio, mas aqueles que preferem coisas mais simples talvez seja uma experiência frustrante. Apesar de ser difícil, não é impossível, as mecânicas não são quebradas.

Na verdade elas são muito bem amarradas e elas se encaixam perfeitamente com a temática, é muito difícil não ficar imerso e se empolgar com as narrativas emergentes que surgem do durante a partida. As cartas de evento ajudam bastante nisso, visto que elas geram narrativas interessantes que fazem sentido. Por exemplo, se aparecer uma carta dizendo que você conseguiu uma madeira fácil no meio do mato, essa carta pode voltar depois e dizer que a madeira estava podre, então você pode acabar perdendo o teto que construiu usando a madeira.

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Minha maior crítica ao jogo é que ele pede demais um Alpha Player (jogador que joga pelos outros), visto que a cooperação é essencial para uma vitória, a autonomia de cada jogador é quase nula. Muitas vezes para fazer uma ação você vai precisar da ajuda de outro jogador e todas as ações de cada rodada devem ser perfeitamente cronometradas, se não a derrota é iminente. Dessa forma os jogadores mais experientes geralmente vão controlar as ações dos outros. Eu, por não gostar muito de jogos cooperativos, gosto de ter autonomia em minhas partidas, e ela praticamente não existe nesse jogo, todos os jogadores realmente jogam como um. A vantagem aqui é que é um jogo perfeito para jogar solo, não é a toa que se chama Robinson Crusoe.

Em questão de componentes, a Conclave está mais uma vez de parabéns por trazer um ótimo jogo com diversos componentes bem trabalhados. Felizmente recebemos aqui a segunda edição do jogo, com tokens de madeira imitando os recursos e adesivos para colocar nos marcadores de personagem. A arte do jogo é bem diferente e o tabuleiro é bem bonito, imitando uma mesa de planejamento.

Veredicto

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Eu recomendo Robinson Crusoe para todos aqueles que gostam de um jogo cooperativo difícil e desafiante. Mas também para aqueles que curtem uma boa história de sobrevivência. O jogo possui uma boa rejogabilidade apesar de ter poucas missões, isso vem do fato de possuir muitas cartas de evento que modificam a experiência da partida e também da própria comunidade, que produz diversas missões não oficiais com temas diversos, como zumbis e até com franquias conhecidas como Lost e Fallout. Só se prepare para ter muita raiva e muitas emoções nessa ilha amaldiçoada!

Duração da Partida: Aprox. 120 min.
Número de Jogadores: 1-4
Vende no Brasil? Sim 🙂
Preço Aprox.: R$250,00