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Mass Effect: Andromeda | Crítica

Gostaria de iniciar essa crítica falando que sou um fã da franquia Mass Effect, é minha série de jogos favorita e esperei muito esse novo jogo. A franquia da Bioware tem um dos melhores universos de ficção científica que já vi e um dos melhores dos jogos que já tive a oportunidade de jogar. Mesmo com as polêmicas do final de ME 3, esperei muito por essa nova aventura. Infelizmente o primeiro jogo dessa nova fase já chega com polêmicas e dividindo opiniões, vamos acompanhar meu review sem spoilers.

História

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Em Mass Effect: Andromeda, você faz parte da Iniciativa Andromeda, um projeto enorme para colonizar uma nova galáxia e levar milhares de representantes de várias raças para lá. Os integrantes ficam em criogenia por 600 anos e quando chegam na nova galáxia, tudo que foi analisado não foi o que encontraram. Os mundos que deveriam ser perfeitos para viver estão se destruindo e existe uma raça alienígena militarizada e perigosa no sistema. Seu objetivo agora é tornar esses mundos habitáveis seja descobrindo os segredos neles escondidos, fazendo alianças e enfrentando inimigos.

O plot inicial de ME:A é muito bom. É uma sensação de estar sempre explorando novos mundos e descobrindo coisas novas, além de você participar de uma iniciativa que está aos pedaços porque praticamente tudo deu errado. Mas o melhor aspecto dessa história é quando ela olha para dentro dos personagens. Todos ali desistiram de suas vidas para avançar 600 anos no futuro em um lugar totalmente novo, tudo foi deixado para trás e em muitos momentos as pessoas estão nostálgicas ou com o sentimento de ter feito a escolha errada, pois nunca mais poderão ver sua galáxia ou seus amigos e familiares novamente.

Da mesma forma que a história brilha quando é intimista, ela falha miseravelmente quando tenta ser épica. O desenrolar da história é desinteressante e preguiçoso, além de pegar muitas coisas da franquia original. O maior problema é que essa é uma cópia mal feita, o que antes era bem embasado, aqui parece que temos uma história desenvolvida com preguiça. Temos os Ketts (os novos Reapers), os vilões da história que são maus por que sim e os Angara, uma raça boazinha e porradeira. Além disso, você vai estudar uma raça alienígena sintética que criou os mundos (os novos Protheans).

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É muito importante para uma história que você entenda e se importe com as motivações dos vilões. Os Kett são super genéricos e sem propósito definido, o que os torna vilões muito fracos, destruindo toda a narrativa em cima deles. O desenrolar da história principal vai ficando cada vez mais genérica até terminar em um final que você pouco se importa.

Outro fator que me incomodou na história é que as escolhas morais não parecem ter muita importância na história. Eu fazia as escolhas e depois não sentia muito o peso delas, parece que foi tudo muito pasteurizado para que o jogador não se sinta culpado, pois tudo no final fica bem. Por falar em história pasteurizada, não quero dar muitos spoilers, mas não existe a possibilidade de seus companheiros ou outros personagens importantes morrerem, isso tira muito da tensão e drama que existia na série anterior, me parece que faltou coragem.

Personagens

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Em ME:A, você joga com um dos irmãos Ryder. A principal diferença dos jogos anteriores é que ambos os sexos existem no mundo, se você jogar com o homem vai ter uma irmã mulher NPC e vice-versa. Mas vou logo dizendo que isso faz pouca diferença no jogo pois seu irmão passa 90% do jogo inutilizado. Diferente do Shepard, Ryder é um novato, ele acabou de entrar nessa do nada e vai aprendendo enquanto o jogo decorre. Existem alguns momentos bem legais por, por exemplo, que você marca uma reunião com os seus companheiros e eles ficam dispersos e sem interesse, mostrando que o seu líder não tem moral. Mas organicamente essa situação vai mudando durante o jogo quando você vai conhecendo mais cada um. Todo o drama familiar que envolve os Ryders também é interessante e gera alguns momentos bem intimistas e emocionantes.

A Bioware mais uma vez acertou nos companheiros. Eles podem parecer desinteressantes no início mas com o tempo você vai se acostumando e aprendendo a gostar deles. Existem alguns que se destacam como o krogan Drack e o angara Jaal, personagens com backgrounds bem interessantes e personalidades intrigantes, mas outros como a turian Vetra são bem sem graça  (sinto falta do Garrus). Não vou entrar muito em detalhes aqui porque é mais interessante que você descubra as nuances de cada personagem por si só. Independente do personagem, as missões de lealdade são bem emotivas e geram outras missões para conhecer os detalhes da personalidade de cada um, são os melhores momentos do jogo. A nave Tempest como personagem não faz muita diferença, ela lembra muito a Normandy mas não existe, pelo menos ainda, uma ligação entre seu personagem e ela.

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Uma das coisas que mais gostei e que acho que melhorou nesse jogo é a interação entre os seus companheiros, todos eles tem opiniões diferentes sobre os outros e existem linhas e linhas de diálogos diferentes dependendo da combinação de squad, lugar ou missão que você está. É realmente absurda a quantidade de texto que pode ser gerado. Além disso existe um recurso na sua nave em que eles se comunicam por um message board, como se fosse um fórum, dê uma olhada, garante boas risadas. Outra dica é fazer a missão “Noite de Cinema”, onde o pessoal todo da nave se junta para ver filmes juntos, é muito boa.

ME:A vem com diversas opções de romances para todos os gostos: héteros, gays, bis. Algo que a Bioware ficou famosa por fazer e me deixa feliz ver que ela continua com isso. As opções são diversas e diferentes para cada personagens, existem até algumas cenas NSFW quando a relação está mais…quente. Outra mudança legal é que você pode se relacionar com outros personagens mais secundários como a piloto da nave, por exemplo.

Jogabilidade

A principal mudança no combate de ME:A é que ele ficou bem mais dinâmico mas, infelizmente, menos estratégico. Os cenários de combate são mais aberto, lhe dando muitas opções táticas de movimentação para melhor usar suas armas e poderes, além disso a adição do jatinho para pular torna tudo mais divertido, a sensação de liberdade é imensa. Mas infelizmente não existe mais a opção de mandar no seu grupo, decidir qual poder eles tem que usar, você pode pedir para que eles se movimentem, essa estratégia durante o combate era uma das coisas que eu achava mais divertido em Mass Effect, mas está de fora agora. Apesar de ser purista, eu entendo as escolhas e até prefiro esse novo sistema de combate, ficou bem menos RPG e mais jogo de ação e cada combate parece único e muito divertido. Você pula, combina poderes, faz ataques corpo-a-corpo e pode mudar de armas e poderes facilmente em tempo real.

O sistema de habilidades agora está bem mais livre, agora você não fica mais preso a uma classe específica e pode combinar uma série de poderes livremente, isso dá uma perspectiva nova pra série e deixa o jogador livre para criar builds diferentes. Infelizmente os companheiros agora tem uma gama de habilidades bem pequena e também não podem ser equipados com armadura se itens, o fato de você não poder controlar eles na batalha e ficar dependendo da sua IA faz com que o jogador não se importe muito onde o seu squad gasta seus pontos na verdade, eu só deixava todos eles com evolução automática e não fez muita diferença.

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O sistema de diálogo agora está mais simples seguindo o exemplo de Dragon Age, com diferentes opções de falas para diferentes personalidades, não existe mais o sistema de Paragon, o que torna as escolhas de fala mais narrativas e menos estratégicas, você responde o que você acha mais interessante mas, de novo, sem muito impacto na história. Alguns quick time events podem mudar o rumo de algumas missões mas nada muito drástico.

Algo muito ruim no jogo é sua interface. Principalmente dentro do enorme sistema de craft, onde podem ser usados minérios para criar dezenas de itens diferentes. É muito chato navegar pelos menus que só vão para cima e para baixo e em alguns momento é necessário sair do menu de craft para ver quais itens estão equipados para comparar suas forças. O sistema de craft em si é bastante variado e interessante, mas essa interface truncada deixa tudo muito chato e irritante.

Pela primeira vez temos um Mass Effect em mundo aberto e ficou muito bom na minha opinião, os mundos estão cheios de quests principais e side quests para se fazer e a grande maioria delas tem uma importância narrativa. Não senti o mesmo que senti em Dragon Age: Inquisition, onde o jogo parecia um grande MMO offline. Em ME:A as quests importam e ajudam a construir aquele mundo, principalmente as quests com mais diálogos e menos combate. Dirigir pelos mundos usando o Nomad é bem legal também, principalmente enquanto observamos os lindos cenários e escutamos as conversas entre os personagens.

Visual

Vamos tirar o elefante da sala e falar dos gráficos…Então, as animações faciais estão realmente muito ruins e algumas caminhadas estão muito esquisitas. No começo do jogo isso tirava muito minha imersão mas com o tempo você vai se acostumando. Mesmo assim, as animações faciais e lipsync são fantasmas que lhe perseguem durante todo o jogo e estão sempre ali para tirar sua imersão nos momentos mais chave. Alguns patchs saíram e mesmo assim continuou ruim, é algo que não dá para consertar, só fazer melhor no próximo jogo mesmo.

Mas ao mesmo tempo que temos faces tão ruins, os cenários do jogo são fantásticos. Os mundos são bem diferentes e lindos de se observar. Nem parece que os rostos das pessoas e esses cenários fazem parte do mesmo jogo.

A direção das cenas de diálogo às vezes fica sem graça, principalmente por causa das faces horríveis. Mas a direção de algumas cenas de cutscene são muito boas e emocionantes, usando câmeras não-comuns e bem dinâmicas, algumas cenas de espaço com batalhas de naves são bem legais também.

O jogo também traz uma gama de puzzles para abrir portas e descobrir segredos que são bem chatos na verdade. Muitas vezes com soluções aleatórias e irritantes, quebrando o dinamismo que vemos nos combates.

Som

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Algo que se mistura com as expressões faciais é o voice acting dos personagens. Aqui fico dividido pois temos alguns personagens que estão muito bons e outros que estão bem ruins. De toda forma é injusto analisar a dublagem dos personagens quando os “bonecos” que usam suas vozes estão mal feitos, acaba com qualquer voz bem feita ou interessante. Existem alguns personagens que possuem dublagem de famosos como a doutora Lexi que é dublada por Natali Dormer e a fundadora da iniciativa Jyn Garson dublada por Jamie Clayton (a Nomi de Sense8).

A trilha sonora do jogo é desinteressante e descartáveis em diversos momentos. Me vi jogando algumas vezes escutando outras trilhas sonoras no Spotify. Existem momentos épicos muito bem dirigidos visualmente mas com uma trilha sonora sem graça  que desperdiça aquele momento.

Veredicto

Mass Effect Andromeda é, com certeza, o pior Mass Effect mas mesmo assim é um jogo bom. A ideia inicial do plot é muito boa mas infelizmente o desenrolar e o fim do enredo são chatos e desinteressantes. A sua história brilha mesmo quando vai para dentro dos personagens, quando é mais intimista, seja na saudade da Via Láctea ou nos problemas pessoais de seus companheiros. O combate ficou menos estratégico e mais dinâmico, cada batalha é única e muito divertida e o fato de você poder criar builds diferentes te dá uma rejogabilidade grande.

No final, me deixa triste ver um jogo que tinha tanto potencial ser analisado como algo somente bom. Os problemas de animação tiram bastante da imersão mas existe muito amor aqui nesse jogo, nos detalhes e nas nuances. O sentimento que fica no final é o mesmo que sentem os exploradores de Andromeda: uma saudade do passado mas a esperança que esse novo mundo possa nos surpreender no futuro.

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