o-massacre-da-serra-eletrica-o-retorno-de-leatherface-filme-netflix o-massacre-da-serra-eletrica-o-retorno-de-leatherface-filme-netflix

O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface

Leatherface é um dos assassinos fictícios de grande respaldo na cultura do cinema. Não precisa de muito para vender projetos com este personagem, penso. Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface, novo filme produzido pela Legendary e lançado pela Netflix, se apoia nessa questão, mas deixa de fora muita coisa do personagem.

Servindo de continuação para o clássico lançado nos 1970, o filme não renova a história do canibal que gosta de usar pele humana, mas continua apresentando jovens imbecis no gênero do terror.

Se passando quase 50 anos após os acontecimentos do filme original, quatro amigos vão para a pequena e deserta cidade de Harlow na busca de empreender e transformar o lugar. Ao chegarem, descobrem que ainda há poucas pessoas vivendo no local, e um acontecimento faz com que Leatherface retorne ao psicopata que era anteriormente. Com a direção de David Blue Garcia, o longa conta até com boas ideias, mas a execução fica aquém do esperado do gênero slasher para os dias atuais.

O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
Da esquerda para direita: Elsie Fisher, Sarah Yarkin, Nell Hudson e Jacob Latimore. Reprodução: Netflix

É muito prático continuar batendo no mesmo prego que são personagens encurralados e vilões em perseguição, mas a renovação é necessária. O assassino não é idiota e suas vítimas também não deveriam ser. O texto de Chris Thomas Devlin, Fede Álvarez e Rodo Sayagues desperdiça os personagens e não consegue aprofundar os quatro principais, fazendo com que haja pouca ou nenhuma importância se vão sobreviver ou morrer.

Possivelmente, a melhor cena é a do ônibus, que até me despertou para o tópico do digital, que já havia esquecido. Numa sociedade moderna, com informação e tecnologia, não há uma linha de diálogo para desenvolver ou mesmo utilizar isso em favor mesmo que a cidade tente não ajudar.

Em relação ao valor de produção, jogar a trama para uma cidade genérica e que não traz nenhuma ambientação de terror – ou mesmo se constrói -, é jogar contra ao clássico comandado por Tobe Hooper, já falecido. A relação de Leatherface com sua família bizarra e toda a casa onde acontecia o massacre dava a aura necessária para que o terror acontecesse.

Fica claro que este novo filme tentou se espelhar no retorno de Halloween, de David Gordon Green, que contou o mestre John Carpenter em sua produção. A malícia de trazer a personagem Sally Hardesty (Olwen Fouéré), única sobrevivente do massacre original da década de 1970, é uma clara referência a Laurie Strode, de Jamie Lee Curtis. O retorno de Sally é fraco e sua história termina de um jeito murcho. Uma pena, pois ela poderia ser utilizada para dar uma virada na trama, explorando mais sobre este enfadado Leatherface.

Com menos de 1 hora e 30 minutos de duração, Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface busca renovar uma franquia, que claramente terá mais produções, e termina com um gosto de arroto azedo, mas que traz algum entretenimento, com efeitos práticos nas mutilações e enquadramentos até inspirados.

Revitalizar franquias clássicas do terror deve ser um processo cansativo, pois já há uma base estabelecida e por que não utilizá-las mais a fundo, não somente referenciando, mas atualizando todo o conceito já firmado e desenvolvendo as histórias que ficaram nas entrelinhas?