Depois de vários anos em produção, Agente Oculto, filme baseado no livro The Gray Man, de Mark Greaney, saiu do papel e ganhou as telas pela Netflix.
Além de produzirem, os irmãos Anthony e Joe Russo (conhecidos por Vingadores: Guerra Infinita e Ultimato) são os diretores do projeto – que custou a bagatela dos 200 milhões de dólares. Um filme bem dispendioso, e imagino que deve ter sido por causa de todos os efeitos especiais e as (tantas) locações que usaram para filmar.
Quando se tem um orçamento de produção elevado, é esperado que esse valor seja recompensado nas telonas (ou telinha da TV), seja com efeitos visuais compensatórios – e não sei ao certo se os efeitos irão agradar -, ou com um valor de produção alto e detalhado. Bom, aqui eles tentam.
Na trama, Gentry (Ryan Gosling) é um letal e antigo agente da CIA que, após realizar uma pequena missão de assassinato, se depara com segredos obscuros da agência e precisa contar com a ajuda de um velho amigo e da agente Dani (Ana de Armas) para sobreviver à caçada de Lloyd (Chris Evans), um outro mercenário contratado pela CIA.
Olha, o nível de talentos aqui é alto. Desde de Gosling, passando por Armas e Evans, temos Regé Jean-Page, Billy Bob Thornton e Jessica Henwick. Até nosso Wagner Moura está presente, com uma pequena participação. Mas, no geral, os artistas me parecem pouco aproveitados, como é o caso da agente interpretada por Henwick.
Não há muito tempo para desenvolver melhor a relação de alguns personagens, pois todos vão muito rápido de um ponto para o outro. Como se pegar um veículo, seja terrestre ou aéreo, o faria ir de ponto a outro em questões de poucos minutos.
Todas as explosões e perseguições (ótimas, por sinal) que o filme apresenta é um tom de ação interessante. Gosto bastante. Mas, então temos uma ação que só é agradável quando quer. O que é frustrante quando se tem tantos artistas bons envolvidos no filme.
Gosling possui uma motivação plausível para fazer tudo o que faz – por mais que seja exagerado nas consequências, e Evans é um psicopata bobo, caricato, que passa de todos os limites aceitáveis sob as asas de uma agência do governo simplesmente porque gosta de ser um babaca. Poderia ser melhor.
Na real, eu fico curioso em saber como os Russo trabalhariam com a versão deste projeto que Charlize Theron iria estrelar – mas que nunca foi pra frente. Theron se saiu fantasticamente bem com o ótimo Atômica, de David Leitch.
A estética dos Russo, que trabalharam bem nos filmes da Marvel, está toda neste filme. As ação e investigação que eles abordaram em Capitão América: O Soldado Invernal serviu de base para os cineastas moldarem o que gostariam de fazer em futuras produções – mesmo que algo pareça ter saído dos trilhos.
O roteiro, assinado Christopher Markus, Stephen McFeely e Joe Russo (os três trabalharam juntos na Marvel), até demonstra o potencial de ação e suspense que a trama exige – só que a escolha de gravar em diversas locações (digo, países) diferentes, acaba atrapalhando o desenvolvimento dos personagens e das consequências dos atos terroristas que eles vão fazendo pelas Europa e Ásia.
Depois de Alerta Vermelho, que também foi bem caro, a Netflix ainda está em busca de sua franquia de ação. Mas, tenho minhas dúvidas se irão querer produzir uma continuação para Agente Oculto – por mais que eles gostem de investir em produtos duvidosos.