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Homem-Aranha: Longe de Casa | Crítica sem spoilers

A Marvel Studios conseguiu fazer o que ninguém mais fez com Vingadores: Ultimato, mas agora é o momento de encerrar seu ciclo também chamado de Fase 3 com Homem-Aranha: Longe de Casa. O filme traz consigo muita expectativa por esse caráter conclusivo, mas também outros fatores que iremos discutir nessa crítica SEM SPOILERS.

Apesar da falta de Vingadores no filme, Longe de Casa faz com que o aranha solo continue a ser pautado por todo o MCU. Tirando o próprio Tony Stark, temos a presença de Maria Hill e Nick Fury, além de um personagem aleatório resgatado de Homem de Ferro (2008). A sensação de ambientação é ainda mais aprofundada através de sacadas ligeiras como menção a outros heróis e a repercussão do estalo de Thanos em Guerra Infinita.

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Aos fãs: alguns não curtem essa substituição emocional que Tony Stark representa em relação ao tio Ben. Como um fã do Homem-Aranha, entendo totalmente. Mas como fã da Marvel Studios, consigo levar bem essa questão e entender esse teioso como um versão alternativa que tem seu valor e pode ser bem trabalhada. É possível curtir esse e o de Tobey Maguire ao mesmo tempo, por exemplo. Ou até mesmo preferir o de Andrew Garfield.

Posto isso, vale destacar que o roteiro cumpre a função de trazer mais maturidade ao protagonista de Tom Holland de forma competente. Para isso, ele precisa lidar com o luto pela morte de Tony, mas a princípio Peter está em negação, voltando toda sua atenção aos amigos, tia May e MJ.

A Eurotrip colegial, na qual Peter deposita todas as suas fichas emocionais, é o que diferencia esse de qualquer outro Homem-Aranha que você já assistiu. Ver o amigão da vizinhança longe das suas origens pode parecer um desperdício narrativo, mas ele serve muito bem para a sua proposta no MCU – de significativo caráter descompromissado à la John Hughes, se inspirando em obras como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco.

Mystério se apresenta na história de forma bastante categórica através do charme dualista que Jake Gyllenhaal possui. Assim como o Abutre em De Volta ao Lar, Quentin Beck é um personagem-consequência dos efeitos causados pelos super-heróis, e oferece algumas surpresas interessantes no desenrolar da trama, inclusive com plot twist semelhante ao de um dos filmes do Homem de Ferro. O resultado é muito bom, mas também não é uma tarefa que exige muito do ator.

Um fator que dificulta a avaliação desse novo filme solo é a quantidade imensa de spoilers entregues pelos próprios produtores através dos trailers e comerciais. Muito do que acontece nós já estamos sabendo, inclusive as viradas que irão ocorrer na trama uma vez que o roteiro não tem mais pra onde seguir. Desse mal também sofreu De Volta ao Lar.

Mas relevando essa questão e analisando a coisa como ela é, fica uma impressão muito otimista do que pode vir a seguir. O ato final do filme, mesmo possuindo coisas da cartilha de qualquer ação/aventura, consegue ser bastante respeitoso com o personagem, honrando inclusive muito da sua essência nos quadrinhos. No entanto, é preciso que aconteça um desencalacramento entre Tony Stark e Peter Parker.

O elenco de apoio do filme também merece uma atenção a mais. Ned (Jacob Batalon) é um personagem incrível e carismático, mas tudo que acontece que com ele fica no campo do humor e de forma episódica. Trata-se de uma figura com muito valor para o protagonista, então seria interessante vermos alguns dramas particulares ou mesmo atritos com o próprio Peter Parker futuramente. Já Zendaya é uma atriz ainda mais qualificada que dá muito prazer de ver em tela como M.J., e apesar dela ser bem retratada como uma garota inteligente, sofre da mesma falta de profundidade de Ned. Até Liz (Laura Harrier) teve mais tempo de dramaticidade no filme anterior.

De caráter ainda mais episódico, Homem-Aranha: Longe de Casa é uma sessão imperdível para os fãs, que reserva muitas surpresas para os três finais (durante o filme e nas duas cenas pós-créditos), incluindo um digno de aplausos. O toque dado pela Marvel Studios faz toda a diferença para essa versão do herói, então seria prudente se a Sony mantivesse a parceria. Já por parte da Marvel, seria interessante dar um passo adiante e começar a acrescentar mais maturidade ao herói.