Tem na Netflix: Clown | Crítica

Não é de hoje que palhaços são uma ferramenta bastante efetiva na hora de contar uma boa história de terror. Apesar de toda a fama de Pennywise, existe toda uma carga histórica anterior a grande criação de Stephen King. E um legado que se estende até os nossos dias, renovado de tempos em tempos com obras cobertas de maquiagem colorida e vísceras. Clown é um desses exemplares, que reconhece sua árvore genealógica e honra seus ancestrais.

Sendo produzido por Eli Roth, responsável por arrebentar cabeças nazistas em Bastardos Inglórios e por algumas pérolas do terror atual como O Albergue e Cabana do Inferno, Clown é deliciosamente sádico e divertido. Ignorando qualquer alerta de cafonice, o longa se leva a sério durante os 100 minutos de duração. Transformando assim potenciais deslizes de roteiro em cenas banhadas por um humor negro afiado.

Na trama, o jovem Jack (Christian Distefano) é um grande fã de palhaços, tanto que escolheu esse tema para o seu aniversário. Mas quando o cara contratado por sua mãe Meg (Laura Allen) acaba dando para trás, cabe ao seu pai Kent (Andy Powers) salvar o dia. Trajando um antiga fantasia, o inocente corretor de imóveis faz a alegria da criançada. Porém, Kent logo percebe que não consegue se desvencilhar da roupa. E pior, está começando a sofrer algumas mudanças bastante drásticas.

Ciente de sua missão, Clown não abre espaço para enrolações. Kent logo descobre o terrível destino que o aguarda, embarcando assim em uma luta contra o tempo até que a maldição da roupa de palhaço o consuma por completo e sua fome por crianças seja incontrolável. Eis aqui o primeiro ponto positivo do longa: sua maldade. Sim, crianças são mutiladas e devoradas. Destaque para uma cena angustiante dentro de um brinquedo de parque.

Eli Roth coberto de maquiagem em cena de Clown

Clown também se destaca por investir em uma mitologia própria. Deixando de lado as origens na Idade Média, o filme coloca os palhaços como demônios da mitologia nórdica que se alimentam de crianças para sobreviverem ao rigoroso inverno. Com o tempo, o mito foi dando lugar a figura do palhaço como conhecemos hoje. Mas o mal nunca dorme, fica sempre esperando uma oportunidade para atacar.

A direção aqui é de Jon Watts, hoje mais conhecido como o cara que comandou Homem-Aranha: De Voltar ao Lar. Curiosamente, Clown ficou no limbo de sua carreira. Foi Cop Car, longa policial estrelado por Kevin Bacon, que chamou a atença da Marvel. Com todos os holofotes voltados para ele, era a hora perfeita para resgatar filme. Outro ponto interessante é que o terror funciona como um ele entre Jon e o melhor diretor que o Amigo da Vizinhança já teve: Sam Raimi. Já que esse também começou sua carreira com o seminal A Morte do Demônio.

Clown habita uma interseção entre It – Uma Obra Prima do Medo e o fanfarrão Palhaços Assassinos do Espaço Sideral, flertando muito mais com o sadismo do que com a bobagem. Uma ótima pedida no catálogo da Netflix para assistir com seu amigo que tem Coulrofobia.