Star Wars - O Despertar da Força | Crítica Star Wars - O Despertar da Força | Crítica

Star Wars – O Despertar da Força | Crítica

O texto a seguir não contém SPOILERS de Star Wars – O Despertar da Força.

J.J. Abrams recebeu uma missão que muitos não teriam coragem de aceitar. Pegar um universo repleto de lendas da cultura pop, uma história amada por gerações e dar uma continuidade. E já de cara é necessário ressaltar o trabalho de mestre que ele realizou. Star Wars – O Despertar da Força consegue fisgar a nova geração, que talvez nunca tenha visto Darth Vader e Luke Skywalker em ação ou que não nutre um amor tão forte por toda a saga, e agradar os fãs mais hardcore. Pessoas com idades diferentes e experiências diferentes em relação a Star Wars. Mas todas agraciadas da mesma forma.

Logo de cara somos apresentados aos personagens novos. Aqueles que irão guiar toda uma nova legião de fãs e dá rosto e voz as dúvidas que os cercam. Afinal já se passaram décadas desde que o Império caiu. Jedi, sith, A Força, tudo não passa de uma lenda. E à partir dessa lenda que a história se inicia.

Rey (Daisy Ridley) é certamente a melhor personagem do filme. Forte, inteligente, independente, determinada e mais uma porção de elogios. No melhor estilo da Jornada do Herói – tradicional em Star Wars – ela recebe o chamado para a aventura e embarca em algo maior do que consegue imaginar. Se o número de mulheres poderosas em Star Wars era baixo, Rey tira de letra essa missão. Não é nem necessário entrar em maiores detalhes sobre ela para garantir que teremos alguém para amar e torcer nos próximos filmes.

Finn (Jonh Boyega) é outro que surpreende. Os trailers vendiam um Stormtrooper desertor que caia de paraquedas no lado do bem. Mas é maravilhoso ir descobrindo suas reais motivações. Conseguir se libertar da doutrina da Primeira Ordem (vou chegar lá) e se sacrificar pelo que se acredita ser o certo é um esforço digno de um grande homem. Sem contar as tiragens cômicas do personagem. Longe de ser um palhaço, Finn é o outro lado da moeda. Ao lado de Rey, temos a dupla dinâmica da nova trilogia. É impossível não se imaginar na pele de ambos. Poe Dameron (Oscar Isaac) faz o estilo gente fina. E sua importância é maior do que as prévias mostravam.

Se havia uma preocupação sobre Star Wars – O Despertar da Força focar muito nos personagens clássicos, ela cai por terra. A mistura de novos e velhos rostos é perfeita, no ponto certo. É necessário saber caminhar com as próprias pernas. E já temos os responsáveis que irão realizar essa missão.

Mas se a Luz tem seus guerreiros, o Lado Sombrio não está despreparado. Quando o Império caiu, uma nova ameaça tomou seu lugar: A Primeira Ordem. A propaganda política representada na figura do General Hux (Domhnall Gleeson) lembra muito o Nazismo que assombrou o mundo. Criar Stormtroopers desde o berço sendo bombardeados com a ideia de que a República é a verdadeira inimiga se mostra uma tática eficiente. É interessante trazer essa vertente de Star Wars aos holofotes, mesmo que por pouco tempo.

Mas é Kylo Ren (Adam Driver) a grande ameaça em O Despertar da Força. Sua complexidade o torna altamente perigoso. Poderoso na Força, Kylo é guiado pelo desejo de se igualar ao seu “deus” Darth Vader. A imaturidade de um jovem que ainda não teve seu treinamento completado pode desagradar aos mais críticos. Mas quando descobrimos sua história, fica fácil traçar paralelos com outros personagens icônicos. A figura do Supremo Líder Snoke (Andy Serkis) ainda não mostrou ao que veio. Mas é nítido que ele possui um poder imenso. Ainda veremos muito o mestre e seu discípulo em ação.

A tecnologia fez bem a Star Wars – O Despertar da Força. O 3D – um dos melhores do ano – aliado aos efeitos práticos usados por J.J. Abrams torna tudo mais palpável. Batalhas de naves saem do espaço e agora acontecem em planetas. E tudo é lindo, perfeito em cada detalhe. É possível sentir o amor de todos envolvidos na produção em cada cenário e personagem. A trilha de John Williams também ganhou uma nova roupagem, mas alguns temas marcantes ainda estão presentes.

Claro que o filme tem seus defeitos, que mesmo sendo engolidos pelas inúmeras qualidades, ainda estão presentes. A Capitã Phasma (Gwendoline Christie) é o principal deles. A expectativa criada em cima de sua importância na trama passou longe de ser correspondida. Os novos rostos tiveram espaço para brilhar. Pena que apenas sua armadura cromada chama a atenção.

A sensação de Déjà vu está presente em vários momentos. Mesmo homenageando bem os filmes passados, fica clara a semelhança com Uma Nova Esperança. Seja na estrutura do filme ou até mesmo na grande arma da Primeira Ordem e sua luta com a Resistência. Sendo a quarta parte de seis, Uma Nova Esperança possui um desfecho, algo como “ok, é isso”. O Despertar da Força segue pelo padrão do final claramente voltado para uma continuação. O que acaba deixando respostas para algumas perguntas apenas para 2017.

O filme sabe mexer com a emoção dos fãs de Star Wars. A primeira aparição da Millennium Falcon, Han Solo, Chewie, Leia, Luke, momentos de tensão e batalhas épicas. Tudo que já conhecíamos só que agora de cara nova.

Existem vários outros detalhes a serem analisados. Mas como um fã apaixonado, deixarei que você os descubra sozinho. A Força Despertou. Para os antigos e novos espectadores. Agora cabe a todos nós continuar essa caminhada. E não se preocupe, estaremos bem acompanhados.

Obs: Todos mereciam ter um BB-8 em casa. A bolinha rouba a cena.