“Eu sou Diana, filha de Hipólita…”
E finalmente estreou o primeiro filme live-action da Mulher-Maravilha! Desde de sua aparição em “Batman V Superman: Dawn Of Justice” e o anúncio de seu filme solo, que as expectativas só aumentavam, algumas um pouco dúbias devido a crítica dos longas anteriores da DC. Patty Jenkins (diretora), mesmo com essa batata quente na mão, aceitou o desafio. Eis aqui o amanhecer vermelho, azul e dourado que a Detective Comics precisava nos cinemas.
Somos apresentados a Temyscira, a ilha onde vivem as Amazonas. O design de produção e cinematografia é de longe um dos melhores elementos que temos, é tudo muito palpável, cheio de cor, cheio de vida. É realmente a “ilha paraíso“. É perceptível o cuidado e o esmero com que foi construído toda a concepção do local.
Dito isto, logo conhecemos a pequena Diana, que desde nova já demonstrava interesse em ser uma grande guerreira. E há uma montagem de anos passando e mostrando seu treino, embora pareça algo não tão interessante de ser feito para construir a ideia de Amazona da personagem, é algo bem desenvolvido e convincente, o que é falado, é mostrado. Afinal, ela mora numa ilha rodeada por guerreiras, porque não acreditar que ela evoluiu?
A história não se prolonga muito e trata de caminhar, a mitologia é explicada de forma bem simples e entendível e põe logo todos os pingos nos “i’s“. O primeiro conflito que Diana encara, é após salvar Steve Trevor (Chris Pine), seu primeiro encontro com o patriarcado e as trevas e mazelas que eles trazem consigo. A partir daí é onde a história começa a rumar para levar Diana para um território além Temyscira, após saber que o mundo está em guerra, a futura heroína se sente na obrigação e no seu dever, como Amazona, de tomar providências.
Partem então, Diana e Steve para Londres. Durante a viagem já é estabelecido de forma bem humorada, uma relação entre os dois personagens. Toda a inocência e ciência da protagonista formam momentos memoráveis e com o humor pontual consequente de sua ingenuidade genuína perante ao novo mundo.
Como encarar o mundo que nunca vi? Como lidar com os padrões de uma sociedade que até dias era desconhecida? Para estas perguntas, Patty Jenkins guia Gal Gadot de forma magistral. Apostando sempre no simples que sempre gera o eficiente. Navegando por caminho contrário ao que se era apresentado dentro do “escuro e pé no chão”. Soluções inocentes, por vezes, o que se encaixa dentro da trama, pois Diana vê de maneira simplória o mundo, que até então, desconhecia. “Se algo pode ser assim, seja assim, ora pois. Num é não?”.
O trabalho de olhar feito por Gal é fantástico.
Logo a tela é preenchida com mais personagens que vão compor a equipe com quem Diana se alia (lembra da foto que aparece em BvS, pois é). Steve Trevor junta um grupo de antigos aliados, composta por: Charlie (Ewen Bremner), Sameer (Saïd Taghmaoui) e Chief (Eugene Brave Rock). Tudo funciona de forma eficiente e bem divertida entre os novos personagens, gerando uma química bacana e não artificial, o mesmo pode ser dito para a construção de amor/romance entre Steve e Diana, nada forçado e desenvolvido de forma natural.
A fotografia é sempre evocativa, faz da figura Mulher-Maravilha algo épico, de força, de grande poder, de inspiração, de esperança. Sempre, sem exceção. Optando por muitas vezes pela câmera lenta, enfatizando cada movimento de combate executado pela heroína, e já deixando clássico a sua famosa “rasteira“.
As cenas de ação são incríveis, é tudo muito entendível, com muitos cortes quando necessário para dar uma dinâmica, outras vezes optando por planos mais abertos e com bom uso deles, principalmente quando a Mulher-Maravilha luta com mais de um inimigo por vez. O uso do cenário em combate também é algo muito aproveitado, ela pula, pega algo, joga, vai e volta e pula de novo e joga alguém em outro canto, em outras palavras, é um espetáculo visual bem orquestrado e total de acordo com que a heroína pode fazer.Destaque para a primeira cena onde ela finalmente revela seu uniforme…nossa senhora, é…não tenho palavras (lado fã falando alto.)
Mas para balancear o mar de perfeição em que estávamos navegando em calmaria, eis que um pequeno maremoto balança nosso barco, e o nome deste é: Vilões. Sim, os vilões são até interessantes, ou devo dizer, uma das vilãs é bem interessante, Doutora Veneno (Elena Anaya) possui um visual bem sinistro, com um implante de rosto, mas é pouco aprofundada, da mesma forma para o General Erich Ludendorff (Danny Huston), os dois caem no limbo dos vilões canastrões e com ideias de dominação e militares e etc, com direito a cena a la séries dos anos 70. Bom, já o inimigo mais perigoso, Ares, convence e tem o visual imponente e bem respeitado mas não chega a ter o peso necessário. (Bom…até então, não.)
No clímax final do longa, há um excesso de CGI e mais câmeras lentas, é um tanto prejudicial, mas nada que acabe com a experiência do embate. A luta é proporcional à força dos dois indivíduos, mesmo assim, não chega a ser apoteótica como a luta entre Zod e Superman em Man Of Steel. Algo importante de ressaltar, é a identidade visual dos poderes, foi algo que seguiu bem a linha dos filmes anteriores, mantendo a essência. Os raios azuis, as explosões sônicas, é um detalhezinho, mas que faz uma diferença bacana.
Há uma referência bem legal à série dos anos 70.
Mulher-Maravilha surpreende, é um filme conciso, com roteiro que aposta no simples e no efetivo, na luz e não nas trevas, não se prendeu a nada que circunda o universo DC até então, sem referências à LJA, é uma obra que se sustenta por ela mesma. Um novo amanhecer nasce, um brilho ecoa no fim do túnel, uma mensagem e um verdadeiro símbolo de esperança ascende nessa nova era da DC, e seu nome é…