Com 8 indicações ao Oscar, “Moonlight” é um drama palpável que evoca discussões e questionamentos relevantes.
Dirigido e escrito por Barry Jenkins, somos apresentados a Chiron ou “Little“, um garoto que vive em uma comunidade pobre de Miami nos anos 80 e, desde cedo já sofria com o bullying por ser um garoto tímido e reservado.
O filme é extremamente bem dividido entre seus 3 atos: No primeiro conhecemos “Little“, interpretado por Alex R. Hibbert. A interpretação desse garoto é extremamente talentosa, consegue expressar em todo seu silêncio: Dor, medo, insegurança, felicidade. Há um intenso trabalho com o olhar e é impressionante. Infelizmente, esse é o menor ato do filme, em particular, gostaria de ter visto mais.
Em seguida, há um time skip, e se posso abrir um rápido parêntese (os time skips desse filme não atrapalham em nada e eles vem em momentos bem pontuais.) Vemos Chiron mais velho, no ensino médio e ainda convivendo e sofrendo com o bullying e o preconceito. Vivido por Ashton Sanders, essa parte da vida de Chiron é bem mais de descoberta, se encontrando, e abrindo mais o leque de temas e reflexões dentro do longa. Não poupo palavras também para falar da interpretação de Sanders, é notório a entrega que o ator faz ao personagem e como se esforça, até nos momentos mais simples, há sempre uma pequena nuance, um olhar que faz com que haja destaque na atuação.
E por último vemos Black, o garoto virou adulto. Interpretado por Trevante Rhodes, é o ato de conclusão do filme. O personagem por completo, o resultado de suas experiências passadas. O trabalho corporal é moldado em cima de um homem forte e duro, mas por dentro, o conflito emocional é gigantesco.
Ao mesmo tempo em que as três atuações são distintas, elas são extremamente concisas e fazem sentido dentre a construção do personagem. E se posso dizer, essas são as palavras chaves dos indicados ao Oscar desse ano: “Construção de personagem“.
O elenco de apoio também não fica muito atrás, excelentes interpretações rodeiam esse núcleo do longa. Mahershala Ali interpreta “Juan“, e esse personagem serve como figura paterna de Chiron durante todo o primeiro ato, a relação deles é definida em tão pouco tempo de tela mas é bem construída e o espectador sente o peso dessa afinidade paternal.
Naomi Harris assume o papel de “Paula“, a mãe de Chiron. E esta é uma das subtramas mais interessantes, o arco de redenção que o personagem passa é tocante, principalmente porque faz ligação com uma cena entre Chiron e Juan.
O roteiro é extraordinário em toda sua simplicidade, trás a tona a visão de vários aspectos, mas abordados por outra ótica e de uma forma diferente do convencional. A fotografia complementa sempre o estado melancólico, feliz, tenso das cenas. Há uma parte em particular, uma cena na praia…“Sob a luz do luar, garotos negros parecem azuis”. Só preciso dizer isso:
-Um pequeno disclaimer: Parem com essas porcarias de traduções e esses subtítulos ridículos! Parem de subestimar o público! Santo deus! “Moonlight” veio pro Brasil como: “Moonlight – Sob a luz do luar”. “Luz da lua – Sob a luz do luar” WHAT?! Parem! Só…parem!
Indicações de “MOONLIGHT”
–Melhor Filme
–Melhor Diretor
–Melhor Ator Coadjuvante
–Melhor Atriz Coadjuvante
–Melhor Roteiro Adaptado
-Melhor Fotografia
-Melhor Edição
-Melhor Trilha Sonora
Arte da imagem destacada por: PH Illustration