iBoy | REVIEW

Quando falamos de super poderes na cultura pop, temos que consciência de que eles podem surgir das mais variadas formas. Picada de aranha geneticamente modificada, explosão de raios gama, um anel verde do espaço e por aí vai. Depois de tanto tempo, parece ser difícil imaginar novas formas de se adquirir habilidades extraordinárias, mas com um pouco de imaginação tudo é possível.

Em iBoy, novo filme original da Netflix, Tom (Bill Milner) é baleado no momento em que tenta parar um ataque violento contra sua amiga Lucy (Maisie Williams, a eterna Arya Stark). Depois de um tempo ele acorda do coma e descobre que fragmentos de seu smartphone foram incorporados no seu cérebro, dando a ele super poderes. Tom usa esse conhecimento e tecnologia para se vingar da gangue responsável pelo ataque.

Super-herói urbano que domina a tecnologia poderia ser um episódio da nova temporada de Black Mirror, mas não estamos diante de algo tão bom assim. Baseado no premiado livro escrito por Kevin Brooks, iBoy até tem seu valor como entretenimento rápido e barato, mas não consegue ir muito além disso. Existe um potencial desperdiçado aqui.

O roteiro não consegue desenvolver de forma consistente toda a premissa da trama, entregando momentos rasos e alguns furos até risíveis. O que parecia uma mistura de Watch Dogs e Kick-Ass, acaba se mostrando um material esquecível. Pode parecer crueldade exigir tanto de um filme com 90 minutos de duração e orçamento limitado, mas a Netflix já entregou produções melhores.

O grande ponto positivo de iBoy está nas ruas do subúrbio de Londres. Pessimismo, violência, tráfico de drogas e outras mazelas dominam o principal cenário do filme. Com uma fotografia acinzentada, existe um tom de melancolia que permeia todos os personagens. O local perfeito para um justiceiro trabalhar.

Outro fator de destaque é a forma como os poderes de Tom são apresentados na tela, de maneira bastante interativa. Em certos momentos lembram até o que Luc Besson fez em Lucy. Claro que alguns efeitos deixam a desejar, mas não é isso que vai atrapalhar sua experiência.

Mesmo com o roteiro problemático, Bill Milner e Maisie Williams não comprometem. Ambos passam por eventos traumáticos que os afetam de maneiras diferentes, o que resulta em uma maior aproximação. Também vale para ver mais do trabalho de Maisie longe de Game of Thrones, afinal a série está na reta final.

Com direção de Adam Randall, iBoy não consegue atingir todo o seu potencial. E com a produção massiva de conteúdo original da Netflix, certamente será esquecido até o final do ano. Mas, se você procura algo diferente no catálogo, pode encontrar algum conforto aqui.