Taika Waititi. Admita que antes do incrível teaser trailer de Thor: Ragnarok, você teria que buscar no Google algumas informações sobre ele (especialmente como escrever seu nome). Acontece que antes de receber a missão de entregar um filme digno do Deus do Trovão, o neozelandês dono de um humor afiado já brincava com outros personagens marcantes da cultura pop. Misturando reality shows, mockumentaries e outros elementos, Taika entregou ao mundo o sensacional O Que Fazemos nas Sombras. Ou, a melhor coisa sobre vampiros que você verá hoje.
Ao lado de seu parceiro de piadas Jemaine Clement, Taika Waititi tirou do papel sua visão de como seria a interação entre os sugadores de sangue e a sociedade moderna. Seus problemas diários, dos mais ridículos aos mais complexos. Recheado de um humor típico da terra de Peter Jackson e O Senhor dos Anéis, mas com espaço para umas reflexões existenciais bem pontuais. Uma revitalização mais que necessária para a gasta figura dos vampiros.
No melhor estilo falso documentário, uma equipe de filmagem tem acesso a uma casa habitada por quatro seres da noite e acompanha seus passos meses antes do famoso Baile Profano, um evento que reúne a nata das trevas da Nova Zelândia, como bruxas e zumbis. Sacaneando todos os clichês possíveis, O Que Fazemos nas Sombras não perde tempo com rodeios. É rápido e direto, como toda comédia que se preze.
Cada um dos protagonistas representa um vampiro marcante do cinema, porém carregados de zoações pra lá de inteligentes. Vladislav (Jemaine Clement) é como Gary Oldman em Drácula de Bram Stoker, Viago (Taika Waititi) segue a linha de Brad Pitt em Entrevista com o Vampiro, Deacon (Jonny Brugh) busca referência no clássico Drácula de Bela Lugosi, Petyr (Ben Fransham) é uma baita homenagem ao Nosferatu e o neófito Nick (Cori Gonzalez-Macuer) tira sarro com o brilhoso Edward de Crepúsculo. Todos em perfeita sintonia na tela.
O Que Fazemos nas Sombras acerta ao retirar todo o seu humor do cotidiano de um grupo de vampiros e como encaram os desafios exclusivos da raça. O medo da luz do sol, a complexidade de montar um bom look sem conseguir se basear pelo reflexo no espelho, os percalços de se alimentar das vítimas sem ensanguentar os cômodos da casa e a eterna dificuldade de frequentar bares e baladas, já que precisam ser convidados para adentrar todos os recintos.
A ideia de fazer, também, uma paródia de reality show favorece e muito a aceitação do longa. Os andarilhos mais antigos da cultura pop são presenteados com referências cinematográficas de colocar um sorriso ensaguentado no rosto, já os mais chegados nesse gênero podem identificar todos os exageros característicos dos BBB’s da vida. Uma aula de como brincar com a atualidade sem perder o charme do passado.
O Que Fazemos nas Sombras faz parte de um cenário de terror em extrema evolução oriundo da Oceania, onde existe espaço para todos os gostos e tribos. The Babadook, Deathgasm, Housebound, Wolf Creek – Viagem ao Inferno e The Loved Ones são exemplos do tipo de material que está sendo produzido por lá. E você aí se entupindo com enlatados hollywoodianos ¯\_(ツ)_/¯
Se ainda resta alguma dúvida em seu coração nerd após aquele teaser, O Que Fazemos nas Sombras é a prova definitiva de que Taika Waititi é o homem certo para comandar Thor: Ragnarok. E se não for o melhor filme de super-herói do ano, certamente será o mais divertido. O que já está de bom tamanho para mim. Ah, você pode encontrar essa obra atemporal no catálogo da Netflix 😉