Caça-Fantasmas não é esse lixo todo que você imaginava

Quando um novo filme dos Caça-Fantasmas foi anunciado, com a equipe principal formada por mulheres e com uma história desligada dos longas anteriores, a internet quase quebrou. Haters praticaram seu esporte diário, os saudosistas gritaram aos quatro cantos que era um insulto. Até transformaram o primeiro trailer do filme no vídeo mais negativado da história do Youtube (o que devem ter achado que foi uma grande vitória). Mas não adianta chorar e xingar muito no Twitter, porque Caça-Fantasmas é um dos filmes mais divertidos desse ano. E prepare seu frágil coração para o que vai ler agora: é tão divertido quanto o original.

E não apenas por ter mulheres como protagonistas, papo de feminismo e etc. As ideias escolhidas para o filme realmente funcionam. Mesmo com uma história original, existe muito do longa de 1984, até mesmo inúmeras homenagens e participações especiais. Mas sem parecer uma mera cópia. O diretor Paul Feig soube reconhecer as qualidades de seus antecessores e conseguiu trazer isso para os dias de hoje. Só que com um frescor que arrebata as novas gerações, e que arrisco dizer, pode garantir uma nova leva de fãs para o futuro.

Mas isso não seria possível sem um humor bem construído. E poucas vezes esse ano um filme acertou tanto em suas doses de comédia. O mérito, além de Paul Feig, vai para o elenco principal. Melissa McCarthy (velha conhecida de Feig), Kristen Wiig, Leslie Jones e Kate McKinnon estão afiadíssimas. A química entre o quarteto é excelente e vai sendo construída ao longo dos ótimos primeiros dois atos do filme. Elas nos guiam pela ideia central da trama, de trazer toda uma empolgação com o sobrenatural junto com a inexperiência do serviço, transformando tudo em um aprendizado para o público.

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Abby e Erin, personagens de Melissa e Kristen, fazem as vezes de protagonistas, pelo menos no início do filme. Mas aos poucos Holtzmann (Kate McKinnon) e Patty (Leslie Jones) vão ganhando espaço e aí as gargalhadas não param. Melissa e Kristen você já conhece de outros carnavais e é quase chover no molhado afirmar que elas estão hilárias. Leslie Jones traz um humor mais desbocado e encaixa como uma luva na equipe. Mas todo o destaque vai para McKinnon. Sério, sua personagem é divertida do início ao fim. Se o filme tivesse um pouco mais de Holtzmann, seria ainda melhor.

Além do humor “bobo”, existem também as sacadas mais ácidas. O que parecia uma simples leitura de comentários na internet, transforma-se em alfinetada naqueles que destilam comentários idiotas Youtube afora. Não faltam situações que tiram sarro de quem costuma sair falando bobagem pelos cotovelos. Aliás, se você sentir um leve desconforto nessas cenas, talvez seja a hora de repensar algumas atitudes. Até Chris Hemsworth consegue arrancar algumas risadas, mostrando que tem uma veia cômica (as piadinhas com super-heróis são ótimas).

Claro que o filme tem alguns problemas, principalmente no último ato. O vilão, mesmo sendo outra crítica bacana, não consegue convencer. Mas isso é um mal sistemático dos blockbusters recentes. O visual é lindo, com o 3D funcionando incrivelmente bem, o que vale o ingresso mais caro (essa é sempre uma informação importante). A nova roupagem da música tema, embalada por Fall Out Boy e Missy Elliott, infelizmente acaba soando genérica ao extremo. Uma pena.

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Vivemos um momento em que notas em grandes sites acabam afastando precocemente parte do público da sala do cinema. Então esqueça dos “IMDb’s” e “Rotten Tomatoes” da vida, até mesmo desse singelo texto. Abra sua mente e vá ao cinema mais próximo e confira Caça-Fantasmas. Você pode acabar sendo surpreendido positivamente. E se por um acaso você fez parte da turma que “criticou por prazer”, pode aprender também uma grande lição. É aquele velho papo de não julgar um filme pelo trailer ¯\_(ツ)_/¯

Obs: Assim como vem se popularizando com o passar dos anos, aqui também existe a tal da cena pós-créditos. E serve para dar pistas do que veremos numa possível continuação. Então, nada de sair cedo.