Pitanga, Mulher do Pai e os filmes dessa semana no Canal Brasil

Confira a programação para essa semana no Canal Brasil, do dia 23 a 29 de outubro:

Pitanga

Prestes a completar 60 anos de carreira, o intérprete ganha merecida homenagem pelas lentes de Beto Brant e da filha Camila Pitanga, em sua primeira incursão como diretora. Eleito pelo público da Mostra de Cinema de Tiradentes e pela crítica da Mostra Internacional de São Paulo como melhor filme, o documentário discorre sobre a figura do protagonista, um espírito inquieto à frente das câmeras da sétima arte nacional. Os diretores buscam um formato alternativo às tradicionais imagens de arquivo e reconstituem a longeva trajetória do intérprete por meio de encontros afetivos com outros grandes nomes da nossa cultura – esse carinho fica ainda mais evidente pela aproximação única entre filha e pai, capaz de extrair, a cada tomada, uma intimidade singular. Visitas a lugares importantes do passado permeiam o roteiro, e o protagonista volta à casa onde cresceu, em Salvador, resgata memórias da infância e conversa com familiares ainda moradores da região.

As entrevistas trazem detalhes deliciosos e inéditos da trajetória do retratado. A atriz Ítala Nandi revela uma antiga paixão oculta, nunca antes aberta, e Maria Bethânia lembra com carinho o período em que namoraram. Companheiros de trabalho, como os cineastas Cacá Diegues, Hugo Carvana, José Celso Martinez Correa e Tamara Taxman, entre outros, comentam histórias dos bastidores das produções em que colaboraram juntos. Há ainda espaço para divertidos encontros com Caetano Veloso, Lázaro Ramos, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Luiz Carlos Barreto, Milton Gonçalves, Walter Lima Jr., Tonico Pereira, entre tantos outros, em um movimento de reverência a um homem com uma história que se confunde com o próprio cinema brasileiro.

Horário: Segunda, às 22h

Mulher do Pai

Ruben (Marat Descartes) e Nalu (Maria Galant) moram em uma remota e pacata vila da divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai. O homem é cego e depende da filha de 16 anos para realizar as tarefas do cotidiano e da casa após perder a mãe e avó, respectivamente, antiga responsável pelos serviços mundanos. A convivência entre eles já seria complicada pelo choque de realidade entre as gerações e ganha nuances ainda mais tocantes quando a deficiência visual é adicionada à equação e a menina, no auge da adolescência, se vê obrigada a assumir o papel da antiga matriarca. A escuridão da visão dele também obstrui a estrada para estreitar o relacionamento com a jovem e ele não enxerga o caminho para recuperar esse elo após perder a pessoa que fazia as vezes de ponto de equilíbrio entre eles.

O roteiro, também assinado pela diretora, trabalha com os silêncios e implosões sentimentais de ambos os personagens no lugar de rompantes agressivos. A adolescente, claramente ainda não preparada para exercer a função atribuída, demonstra impaciência para lidar com os entraves causados pela cegueira sem, contudo, significar uma falta de amor pelo pai. Ele também apresenta dificuldades no trato com a jovem e tenta não externar o ciúme de vê-la se transformando em uma mulher. A chegada de Rosario (Veronica Perrota), uma professora de artes, altera radicalmente a ligação entre pai e filha. Inicialmente, a docente torna-se amiga de Nalu, mas ao começar a frequentar a casa dos protagonistas, inicia um relacionamento com Ruben. Esse novo elemento modifica a história, fornecendo luz à escuridão entre eles, mas também trazendo outros problemas, escondidos às sombras.

Horário: Terça, às 22h

Olhos Azuis

Marshall (David Rasche) é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, nos Estados Unidos. Ele está prestes a se aposentar e decide começar a comemorar no último dia de trabalho, juntamente com seus colegas Sandra (Erica Gimpel) e Bob (Frank Grillo). Marshall começa a beber e resolve se divertir com um grupo de imigrantes, complicando sua entrada no país apenas por diversão. Entre eles está Nonato (Irandhir Santos), seu alvo predileto, que faz com que ele viaje ao Brasil. No caminho ele conhece Bia (Cristina Lago), uma prostituta que o ajuda em sua busca.

Horário: Quarta, às 22h

Tempos de Paz

18 de abril de 1945. Durante anos centenas de pessoas foram torturadas pelo regime de Getúlio Vargas mas, com a pressão externa decorrente do fim da 2ª Guerra Mundial, vários presos políticos ganharam a liberdade. Segismundo (Tony Ramos) é um ex-oficial da polícia política de Vargas que agora teme que suas vítimas resolvam se vingar. Ele trabalha como chefe da seção de imigração na Alfândega do Rio de Janeiro, tendo por função evitar a entrada de nazistas. Em uma averiguação habitual, ele interroga Clausewitz (Dan Stulbach), um ex-ator polonês que, por recitar Carlos Drummond de Andrade, lhe foi enviado por um subalterno. Para convencer que não é nazista, Clausewitz precisa usar todo o seu talento como ator.

Horário:  Quinta, às 22h

Central do Brasil

Dora (Fernanda Montenegro) redige correspondências para analfabetos na Central do Brasil, de onde saem trens rumo à periferia do Rio de Janeiro. Uma de suas clientes é Ana (Soia Lira), que deseja escrever uma carta para o marido distante, acompanhada do filho, Josué (Vinícius de Oliveira). O menino sonha encontrar o pai que nunca conheceu. Mas, ao sair da estação, Ana morre em um acidente e deixa Josué abandonado. Mesmo a contragosto, Dora acaba acolhendo o garoto e envolvendo-se com ele. A partir daí, os dois começam uma jornada pelo interior do país à procura do pai desaparecido.

Sucesso de público e crítica, o título conquistou mais de 40 prêmios em festivais do Brasil e do exterior. Dentre eles, o Urso de Ouro de melhor filme e o Urso de Prata de melhor atriz (Fernanda Montenegro) no Festival de Berlim de 1998, além do Globo de Ouro de melhor filme em língua estrangeira em 1999. Central ainda ficou entre os cinco finalistas para a disputa do Oscar de melhor filme estrangeiro em 1999 e rendeu uma rara indicação para uma atriz não americana: Fernanda Montenegro tornou-se a primeira artista brasileira a disputar o troféu mais cobiçado da sétima arte.

Horário: Sexta, às 22h

Deus é Brasileiro

Cansado de tantos erros cometidos pela humanidade, Deus (Antônio Fagundes) resolve tirar umas férias dela, decidindo ir descansar em alguma estrela distante. Para tanto precisa encontrar um substituto para ficar em seu lugar enquanto estiver fora. Deus resolve então procurá-lo no Brasil, país tão religioso que ainda não tem um santo seu reconhecido oficialmente. Seu guia em sua busca é Taoca (Wagner Moura), um esperto pescador que vê em seu encontro com Deus sua grande chance de se livrar dos problemas pessoais. Juntos eles rodarão o Brasil em busca do substituto ideal.

Horário: Sábado, às 22h

La Ciénaga – Entre el Mar y la Tierra

Alberto (Manolo Cruz) foi diagnosticado ainda criança com distonia, uma doença degenerativa capaz de atrofiar todos os músculos do corpo e o impedir de se mover ou comunicar normalmente. Rosa (Vicky Hernández) fica desolada ao descobrir a patologia, mas cuida com bravura extrema de todas as necessidades do filho. Mãe e filho moram na pobre comunidade ribeirinha de Ciénaga Grande, na costa colombiana, e vivem em uma pequena casa de palafita retirando do mar o sustento do cotidiano. Os dias do jovem são passados integralmente em uma cama respirando com a ajuda de aparelhos à beira do mar em que ele sonha mergulhar, tão perto fisicamente, tão longe de sua realidade. A única companheira é Giselle (Viviana Serna), uma moça encantadora empenhada em encontrar uma solução para a enfermidade do rapaz.

O filme acompanha o cotidiano duro enfrentado por essa família. Rosa assume postura inabalável e mantém-se firme mesmo com todas as adversidades trazidas por um filho em situação clínica tão grave – ela dedica cada minuto de seu dia a cuidar do rapaz com extremo cuidado. A companhia de Giselle é o único alento na vida do rapaz, e logo um sentimento amoroso, ainda que impossível, começa a surgir em seu coração, tão frágil quanto o resto do corpo.

Horário: Domingo, 22h