Tem na Netflix: Terror nos Bastidores | CRÍTICA

Férias de verão, um acampamento perto de um lago, jovens com os hormônios em ebulição e um assassino misterioso pronto para dilacerar tudo que vê pela frente (de preferência com sua história conectada ao acampamento em questão). Essa é a fórmula básica por trás de um dos maiores segmentos do terror: os slashers dos anos 80. Tão marcante para algumas gerações e presente até os dias atuais, esse subgênero é explorado ao máximo pelo cinema. Terror nos Bastidores (The Final Girls) funciona como uma divertida paródia/homenagem aos formadores de caráter cinéfilos das décadas passadas.

Fugindo das armadilhas das paródias, Terror nos Bastidores consegue passar um ar de novidade enquanto abusa de referências a clássicos como Acampamento Sinistro e Sexta-Feira 13. É um filme com alma própria e sem vergonha de entregar momentos cafonas e divertidos. Um mérito que pode ser dividido entre diretor e elenco.

Na trama, Max (Taissa Farmiga), uma garota do ensino médio, é filha de Amanda Cartwright (Malin Akerman) uma já falecida atriz de filmes B de terror. Em uma sessão especial do grande sucesso de sua mãe, um acidente ocorre na sala de cinema e, sem explicação, ela e seus amigos vão parar dentro da trama. Perseguidos por um brutal assassino, eles precisam encontrar uma maneira de vencer o vilão e retornar ao mundo real.

É nessa metalinguagem que o longa entrega seus melhores momentos. Presos na trama de Camp Bloodbath, os esteriótipos dos slashers ficam cada vez mais evidentes enquanto o roteiro do filme fictício vai tomando caminhos cada vez mais sinistros. A presença dos novatos acrescenta um dinamismo interessante para a ideia, já que o roteiro acaba se transformando na medida em que eles interagem com a história.

Leia também: O cinema de terror não seria o mesmo sem George A. Romero

O diretor Todd Strauss-Schulson se diverte ao despejar doses gigantescas de referências aos longas do passado, tornando Terror nos Bastidores um filme de fã para fã. O elenco, apesar de não contar com nenhuma atuação fora da curva, é perfeitamente funcional. Taissa Farmiga, marcada por seus papéis em American Horror Story, é uma mistura de Jennifer Love Hewitt em Eu Sei O Que Vocês Fizeram No Verão Passado e Neve Campbell do clássico Pânico. Existe até uma certa carga emocional em sua relação com Malin Akerman.

Thomas Middleditch (Silicon Valley) é o nerd apaixonado por Camp Bloodbath, que funciona como uma espécie de guia dentro da história. Pelo menos nos poucos momentos em que está em cena. Ele completa o time de humoristas ao lado de Adam Devine (A Escolha Perfeita), que incorpora o esportista tarado. Alia Shawkat (Arrested Development), Alexander Ludwig (Vikings) e Nina Dobrev (The Vampire Diaries) completam o time.

Aliás, o título original The Final Girls também é uma ótima referência. O termo, famoso dentro dos filmes de terror, é destinado as mocinhas que recebem a missão de acabar com a raça do vilão. Geralmente são as únicas sobreviventes do massacre pois não se entregaram aos prazeres da carne. Essa “lição de moral” em relação ao sexo era uma marca registrada dos primeiros slashers. Fruto da época em que foram concebidos.

Disponível no catálogo da Netflix, Terror nos Bastidores é muito melhor do que boa parte dos longas produzidos pelo terror enlatado hollywoodiano. Justamente por reconhecer sua origens e saber se divertir com tudo isso. Um longa que agrada os fãs dos slashers e que tem tudo para entreter os espectadores de primeira viagem.