Crítica | Creep 2 mantém a fórmula eficaz do primeiro adicionando surpresas e reviravoltas

A Blumhouse Produções fechou 2017 muito bem com Creep 2, uma ótima continuação de um found footage que inova ao focar na interpretação magistral Mark Duplass como um imprevisível e excêntrico vilão.

Os found footage geralmente figuram dentre os filmes que geram um grande lucro pelo baixíssimo orçamento envolvido na produção, como ocorreu com o clássico Bruxa de Blair. Devido a este aspecto, o subgênero já foi superexplorado de diversas formas, porém, principalmente abordando fenômenos sobrenaturais, repletos de câmeras rápidas, jumpscares, e atuações que deixam a desejar. Portanto, qualquer filme que se utiliza da câmera em primeira pessoa e foge dessas características já chama atenção, e nesse sentido a franquia de Creep consegue nos mostrar que a técnica found footage ainda tem um grande potencial a ser explorado.

Produzido pela Blumhouse, Creep (2014) foi um filme de baixo orçamento, poucas locações e apenas 2 atores, sendo que um deles, Patrick Brice, além de interpretar o cinegrafista, era o próprio diretor e roteirista. Já o segundo, Mark Duplass, que também participou da criação do roteiro, interpretou o carismático e perturbador “Josef” (nome fictício), um homem excêntrico de meia idade que contrata um cinegrafista amador para filmar um dia de sua vida. A ideia do filme surgiu de conversas entre Patrick Brice e Mark Duplass, e boa parte dos diálogos são improvisados, no entanto o resultado foi uma bela surpresa, com destaque para o inebriante personagem de Mark Duplass que faz um psicopata extremamente imprevisível, viciado em mentir, e ao mesmo tempo crível, nos prendendo a trama por tentarmos compreender a mente insana do personagem enquanto alimentamos a constante tensão por não fazermos ideia do que pode acontecer na próxima cena.

Creep 2 segue o personagem de Mark Duplass, que desta vez contrata uma jovem cinegrafista para filmar um documentário sobre ele. A jovem tem um programa na internet em que ela se disponibiliza como acompanhante (não sexual) por um dia, nesse trabalho ela já havia conhecido homens com diversas manias e excentricidades, mas já pensando em desistir do trabalho por não estar gerando audiência, ela vê neste homem uma grande oportunidade de sucesso. Logo no início do filme ele revela à cinegrafista que é um serial killer, no entanto a jovem não acredita ao mesmo tempo em que vai sendo seduzida pelas esquisitices do personagem.

Desta vez a produção conta com mais personagens, além da cinegrafista e do psicopata temos uma outra vítima logo no início do filme e outros personagens secundários, mas a trama continua centrada na relação entre a cinegrafista e o personagem do Mark Duplass. A atriz Desiree Akhavan que interpreta a cinegrafista, também é diretora de cinema, mas não entrega uma atuação consistente, estruturando uma personagem pouco crível em diversos momentos. No entanto, Mark Duplass rouba a cena ainda mais do que no primeiro filme, com diversos monólogos que vão do cômico ao perturbador em instantes, transmitindo a inquietante sensação de que nunca sabemos se ele está falando a verdade ou não, por mais bobo que o diálogo possa parecer. Além da trama ser guiada pelo intrigante e imprevisível personagem do vilão contando com uma excelente interpretação, outro diferencial de Creep 2 para os demais found footage é a grande quantidade de cenas quase estáticas, filmando os curiosos monólogos do “antagonista”. Com um final cheio de surpresas, ainda temos um plot twist que brinca com a técnica found footage.

Inovando na medida certa Creep 2 consegue manter o nível de qualidade de seu antecessor, e prende o espectador pelo carisma e excentricidade do vilão e a curiosidade do que pode acontecer a cada cena. Um dos poucos found footage atuais que garantem uma boa experiência com muita tensão, ótima atuação e uma narrativa intrigante que não depende de jumpscares a todo momento para impressionar o público.

Creep 1 e 2 estão disponíveis na Netflix.